A contradição em pessoa
“Foram três dias em que meu filho chorou quando o deixei na creche. Grudou em meu pescoço e berrou. Foi duro, mas as cuidadoras disseram que ele ficava bem depois. Hoje, ele simplesmente se despediu e entrou feliz. E eu fiquei arrasada”.
Ouvi esta história enquanto estava na sala de espera de um consultório. E tenho certeza que você já ouviu algo similar ou mesmo, passou por isso. Para mim, essa é uma alegoria da maternidade.
Sabe quando o bebê está naquela fase grude, em que não pode perder a mãe de vista que abre o berreiro? Ou filho um pouco maior que fala “mãe, mãe, mãe, mãe, mãe, mãe”, o dia inteiro? São momentos cansativos, que deixam as mães exauridas, ansiando (desesperadamente) por algumas horas de tranquilidade.
Ouvir filho chorar parte o coração de qualquer mãe. Não importa a situação, não importa a idade da criança, estraçalha a gente por dentro. Mas quando os filhos começam a ficar emocionalmente independentes, viram as costas e seguem felizes com outra pessoa, sem choro, ficamos… desapontadas? magoadas? tristes? um misto destas sensações?
É lugar comum falar que a maternidade envolve sentimentos contraditórios: o cansaço e o amor intenso, a impaciência e o arrependimento, a ânsia por um beijo e o fastio do grude. E a saudade que bate quando finalmente temos umas horas para nós?
Conclusão: sou bem ordinária em meus sentimentos como mãe. Encontrei foto minha de seis anos atrás, fotografando no CineMaterna com o Eric, meu caçula, a tiracolo no wrap. Foram seis meses de labuta conjunta e ao final, estava bem cansada. Mas decidir que a dupla estava encerrada e que ele não trabalharia nem viajaria mais comigo foi uma definição tão, tão difícil!
![]() |
Foto: Karin Michels |