A história de uma das muitas amizades nascidas aqui

Por Ligia Ximenes

Em 2010, quando a Cora, minha filha, tinha sete meses, participei, com um monte de outras mães e bebês frequentadores do CineMaterna, de um ensaio fotográfico que ajudaria a divulgar a iniciativa. Eu conhecia um montão de gente já, mas só na hora de voltar pra casa foi que prestei mais atenção naquela dupla que ia tomando o mesmo caminho que o meu. Ira, carioca, mãe da Clara, uma bebê de cinco meses.

(éramos quase vizinhas)

Quando cheguei na porta de casa, perguntei (meio sem pensar) se ela queria subir. Pra minha surpresa, ela disse que sim. Achei inusitado, mas tudo bem. Subimos. Em casa conversamos um pouco mais e, na hora de ir embora, ela deixou seu email num caderninho meu. Naquela mesma noite ela me mandou uma mensagem pedindo pra eu não esquecer de compartilhar alguma coisa que tinha descoberto sobre o universo materno-infantil. Nas incontáveis tardes que passamos juntas, fomos crescendo todas: Cora e Clara, Ira e eu. As crianças brincando e brigando. A gente papeando.

Há dois anos a Ira teve a Julia. Seis meses depois nasceu a minha Lucia. Elas também brincam e brigam. Aliás: no momento, mais brigam. Mas sei que vão ser companheiras, como somos eu e Ira, como são Clara e Cora. Seguimos crescendo. Todas. O Beto, marido da Ira, brinca que nosso assunto nunca vai terminar. Ainda que a gente passe 30 anos dividindo uma cela. Eu tenho certeza de que ele está certo.

Esta semana a Ira vai se mudar. Noventa e dois quilômetros mais longe. Não vamos ter mais as caminhadas diárias até a praça Buenos Aires. Risada, e também gargalhada, chá preto, chororôs e chororinhos, a Madonna tocando na sala, me empresta uma fralda? São 92 km, mas são só 92 km.

Passaremos.

2010 | 2015

[mais um post sobre esta amizade AQUI]