Anjos vão ao cinema?

Faz um tempo que tivemos o filme Nosso Lar na programação do CineMaterna – ao todo foram 17 sessões. Assisti ao filme em Fortaleza em uma sessão normal e depois repeti em uma sessão CineMaterna. Não sou lá muito religiosa e confesso que pensar no tema do filme às vezes me deixa cabreira. Em ambas sessões eu estava acompanhada pelo meu filho Jonas, na época com sete meses, e na sessão regular, passei um certo terror na cena mais pesada do filme, o limbo vivido por André Luiz. Não foi nada demais, só que o som da sessão normal me assustou e talvez seja algo hormonal, já que desde a gravidez não consigo ver filmes de terror ou cenas de violência e evito tudo isso. O meu conforto foi estar com o Jonas dormindo em meu colo, e mais tarde, com ele já acordado, ver seu encantamento com a música que tocava no palco do lago da cidade etérea.

Essa experiência ficou lá guardada e foi amplificada quando eu e Jonas acompanhamos a uma de nossas sessões. Estavam cerca de 100 pais e mães com os seus bebês e o clima era completamente diferente, como em uma festa, os bebês brincando no tapetinho, pais ninando os filhos, movimento familiar no trocador. O que me fez pensar (se tudo aquilo que se passa no filme for verdade) que era um privilégio assistir com um bando de 50 bebês a um filme da doutrina espírita, onde se explicava o processo da evolução humana e o livre arbítrio. Foi com esse filtro, que fiquei observando os bebês em movimento, interagindo com seus pais e mães. Recém reencarnados que escolheram aquelas famílias para fazerem parte da sua evolução. Me senti mais reconfortada perante as dificuldades e dúvidas que surgem com a maternidade, quando não temos respostas para a maior parte das perguntas. Já é bom o suficiente saber que fomos escolhidas a dedo para carregar o nosso bebê no colo.