Bom dia, boa noite

Há muitos motivos para assistir a Mil Vezes Boa Noite. Tem Juliette Binoche, garantia de uma atuação impecável. No filme, ela é mãe e profissional requisitada.

Considerada uma das melhores fotógrafas de guerra em atividade, Rebecca (Juliette Binoche) precisa enfrentar um turbilhão de emoções quando seu marido (Nikolaj Coster-Waldau) lhe dá um ultimato e, junto com a filha, exige que ela deixe de viver esta rotina arriscada.

O dilema é conhecido: maternidade versus profissão. Ela, fotógrafa, registra as tragédias do mundo e por meio destas imagens, faz diferença. Seu trabalho é reconhecido e é tão parte dela como ser mulher e mãe. Na mesma medida.

Bem colocou Ricardo Calil em seu texto na Folha de São Paulo (texto na íntegra aqui): se o dilema fosse com um homem, seria tão complicado?

O filme é belíssimo. Além da história em si, sem respostas fáceis, a fotografia é marcante, já que o diretor do filme é ex-fotógrafo de guerra.

Para não estragar o filme, não posso contar mais detalhes aqui, mas há uma passagem emblemática em que ela coloca a vida em risco, jogando-se diante do perigo. Estava pensando que hoje, depois de ser mãe, não tenho medo de morrer, mas morro de medo de perder um filho. Talvez esta reflexão tenha saído porque ontem faleceu o filho de um amigo, no auge de sua juventude. Fiquei paralisada em imaginar a dor da mãe. Imaginar, porque nesta hora, a empatia é apenas uma fração da realidade.

Um dos temas deste filme é o terror do rompimento deste laço profundo mãe-filhos. Para sobreviver ao medo paralisante, vivemos. Com amor, carinho, e muito, muito afeto.