Botão invertido
Hoje fui ao cinema. Desta vez, para assistir um filme para mim. Vi O Curioso Caso de Benjamin Button. Infelizmente, não dá para colocar em uma sessão CineMaterna por ser muito longo, são quase três horas de filme. Uma pena, pois é um filme belíssimo, do qual saí bem leve, a despeito do tempo sentada.
Eu tinha assistido o trailer antes da estréia e estava reticente em ver o filme. Acabei indo porque o Christian Petermann, crítico de cinema que nos assessora, descreveu como sendo uma bela fábula. Saí pensando quais são os elementos do filme que o tornam encantador. O filme fala do efeito do tempo – inexorável – sobre todos nós. Lembrei muito do livro de Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray, não tanto pela história em si, que é bem diferente, mas pela ação do tempo de forma inusitada em uma pessoa. O tempo e suas consequências sobre nós: no amadurecimento, seu impacto em nosso físico, no amor, na amizade, na visão de mundo. Engraçado que o filme aborda uma região e uma época repletas de preconceito racial: o sul dos Estados Unidos, na primeira metade do século XX. Acho que aí está mais um elemento que reforça o caráter de fábula: ao mesmo tempo que o preconceito existe, é na sua superação – poesia do filme – que Benjamin progride. Mas Benjamin é branco. E se fosse negro? Em tempos de Barack Obama, a pergunta pode render uma longa discussão, hehehe.