Como você faz?

Por Ligia Ximenes

Decidi fazer pras minhas amigas mães a pergunta que me acordava toda madrugada, junto com a bebê de cinco meses. Como você faz pra conciliar o trabalho com os cuidados com a família? Não é um desafio só meu, né? Antes de mim, e ao meu lado, milhões de mulheres encontram suas fórmulas e fazem dar certo. Então, no quadro “no que você está pensando?” do meu facebook, lancei a pergunta. Assim: “às mães que trabalham: quais os seus esquemas para conciliar maternidade com a vida produtiva? Quanta ajuda é necessária? Não precisa ter filho pequeno pra compartilhar suas lições”. E olha, foi lindo. Brevemente, reúno algumas das coisas que me marcaram mais:

– independentemente dos arranjos, ninguém disse que é fácil.

– teve a amiga não mãe que me alertou pro fato de que minha vida é produtiva e que provavelmente eu estava falando de trabalho remunerado. E não é que ela está certa? Produzo cardápios, lancheiras e refeições, garanto o abastecimento da geladeira, preparo banhos quentinhos, organizo os cantos de brincadeira etc. Acolho o mau humor, assopro os dodois, faço massagens e cabaninha. Cuidando das minhas meninas, eu engravido o presente de futuro.

– teve a amiga não mãe que marcou uma amiga dela para se juntar à conversa. Ela ainda não se manifestou. Deve estar atribuladíssima entre fraldas e planilhas.

– ao longo dos dias, inúmeras amigas descreveram suas rotinas. Mães de um, dois, três filhos. Mãe solteira. Mãe casada. Mãe empregada. Mãe empreendedora. Mãe em tempo integral. Amigas que eu não vejo desde quando nem éramos mães. Outras que eu conheci depois de me tornar mãe. Amigas que moram longe. Outras num raio de até dez quilômetros. Gostaria de um dia poder promover um encontro olho no olho com esta gente toda.

– teve a mãe, amiga recente, que me mandou uma FOTO da estação de trabalho dela. Com o nenê dormindo no colo, entre almofadas de diversos tamanhos, enquanto ela dá conta dos seus compromissos profissionais.

– teve a amiga que me dedicou três horas da manhã dela pra um café da manhã demorado e uma conversa gostosa que só.

E teve, pra encerrar, a mãe que me fez chorar. Ela me contou que, quando foi visitar a avó do marido, 93 anos de vida, e já senil, recebeu dela o seguinte pedido: “eu quero a minha mãe”. O que pra mim dá a medida exata do lugar que a gente ocupa na vida de um filho. Nos dias em que os meus esforços parecerem maiores, espero poder me lembrar disso.

E você? Como faz?

Nós aos pés de uma sequoia de 2 mil anos.
Sabe o que ela me disse?
“Minha força é a confiança”.