De voluntária a público, de público a voluntária e seguindo a vida

Por Bianca Balassiano, consultora em amamentação.

Minha história com o CineMaterna começou muitos anos antes da chegada do Bernardo… Aliás, as parceiras pinks foram as que mais acompanharam minha longa e angustiante espera e felicidade quando finalmente meu caçula confirmou sua chegada. O teste que confirmou a gestação do Bernardo foi feito durante uma sessão CineMaterna, quer bebê mais pink que esse?

Quando o CineMaterna chegou ao Rio, em 2009, eu já era mãe de uma menina de 4 anos e consegui unir duas paixões – maternidade e cinema – ajudando na implementação do projeto na cidade. Mas foi só quando Bernardo deu as caras que de fato eu pude sentir o prazer de curtir uma sessão com o meu bebê no colo. No colo, no peito, no chão… esse menino foi frequentador assíduo enquanto pôde!

Nossa primeira sessão foi aos 12 dias de Bernardo! Papai ainda de férias, mamãe ainda com poucas olheiras e lá fomos nós ao Lagoon: garantia de diversão e ótimas fotos – aliás, cinema com vista é privilégio do Rio de Janeiro, certo?

Bianca no primeiro CineMaterna após o nascimento de Bernardo, aos 12 dias

A equipe pink estava de babadores a postos: as queridíssimas companheiras de trabalho agora estavam de braços abertos pra receber o novo mascote. E como faz diferença essa acolhida! Era um tal de sling golfado, menino chorando, peito vazando, e lá estava a escuderia rosa a me socorrer. Guardo lembranças sensacionais de todas as sessões que frequentamos: Bernardo nunca foi um menino calmo e quieto, mas nas sessões ele sempre fez questão de me contradizer. No início mamava e dormia do início ao fim, depois curtia o tapetão, os brinquedinhos e os múltiplos colinhos da equipe, sempre equipadas com uma bela fralda de pano pra proteger o lindo uniforme pink das golfadas estratégicas do meu pequeno regurgitador atômico (eram umas cinco após cada mamada, calcule!).

Só para ilustrar, a fralda de pano no ombro

Ter sessões CineMaterna em diversas salas da cidade me permitiu retomar o ritmo de jovem cinéfila: não havia filme em cartaz que eu não tivesse conferido, além de me dar ao luxo de manter a companhia da filha mais velha nas férias, quando acontecem sessões também de filmes infantis. O passeio garantido da semana me manteve sã durante aquela fase complicada do puerpério em que a solidão é abundante e as horas de sono nem tanto. Descobri que consultoras de amamentação esquecem de tudo quando é o filho delas mamando, pois é. Tantas vezes me peguei pensando quantos dias faltavam pro cineminha… e toda semana estávamos lá batendo ponto. Depois da sessão, é claro, muito café e bolo, que é pra manter a energia pro resto da semana. Que delícia papear com outras mães passando pelos mesmos perrengues, poder trocar angústias e dúvidas, chorar pitangas sobre noites mal dormidas, falta de apoio social e reconhecimento sobre a maternidade. Nesse quesito, o CineMaterna é quase um oásis: durante aquelas horinhas somos rainhas, e todas as nossas necessidades são atendidas nos mínimos detalhes, com carinho, atenção, disponibilidade e cheirinho Natura.

Grávida, em um evento no CineMaterna (esq),
com Bernardo e Júlia usufruindo o CineMaterna como mãe
e amamentando no cinema

Bernardo foi crescendo, novas salas foram abrindo na cidade e foi ficando cada vez mais difícil levá-lo. Comecei a sentir falta de curtir as sessões apoiando a equipe, recebendo e dando suporte às mães dos bebezinhos. Com isso, “desmamamos” das sessões como dupla, e no ano seguinte, fui me desligando também das equipes, pois meu trabalho como consultora de amamentação e psicóloga não me permitia mais a dedicação que o CineMaterna necessitava.

Sigo acompanhando de longe essa iniciativa incrível, revolucionária e absolutamente necessária de resgate social no pós-parto e ocupação do espaço público pelas mães e seus bebês. Claro que todas as minhas clientes seguem ouvindo ao final da primeira consulta: “Você já ouviu falar nas sessões CineMaterna?”