Declaração de amor ao CineMaterna
O texto é grande, mas tão intenso, carinhoso e sincero, que deixei na íntegra. :’)
Nossa primeira vez foi no Dia dos Namorados. Um sábado de 2010 em que estávamos sozinhas em casa, Lili e eu. Sex and the City, filme de menininhas. Passei os dias seguintes pensando na próxima sessão e querendo que chegasse logo.
No tão aguardado dia, chovia bastante e fazia frio desde a madrugada! Será que devia sair de casa com um bebê, naquele tempo?! O que as pessoas iam pensar de mim, agora que sou mãe? Já falaram por tão menos, imagina por isso! Será que a sessão seria cancelada por causa da chuva? Será que as meninas do CineMaterna pensariam: “olha que mãe doida, sair de casa com um bebê, nessa chuva”? Bom, se estava com toda essa vontade, tinha que ir. Decidir entre carrinho e sling era o desafio do momento. Se estiver chovendo, coloco a super capa do carrinho, abro meu guarda chuva e bora lá. Se a sessão for cancelada, volto pra casa depois de tomar um café. Mesmo trabalhando meu medo, me dava um friozinho na barriga pensar que podíamos ser as únicas a irmos na sessão naquela chuva. E se for cancelada! Ai minha cabeça tem o poder de me deixar louca!
Fui. Usei a capa e o guarda-chuva. Algumas pessoas de salto me olharam atravessado, mas não liguei, estava indo ao cinema com minha filha, tem coisa melhor?! Cheguei e minha maior emoção: a sessão estava super cheia!!! Na hora em que comecei a ouvir bebês e vi a sala repleta de mães tive certeza de que aquele era meu lugar! Senti um alívio e uma emoção muito grandes em saber que existiam mães como eu, que saem com seu filho na chuva para ir ao cinema!!!
A partir dali, foram quase dois anos de sessões todas as semanas. Mas não era só cinema, eram encontros. Eram trocas. Era aprendizado. O mais doido é que eu e ela fizemos amigos, cúmplices das nossas transformações e emoções, boas e ruins. Isso foi o que mais valeu. Rapidamente chegamos num ponto em que não sabia qual seria o filme, não era o foco. O negócio era encontrar nossos amigos, bater papo e de quebra, ver um filme!
“Vencemos” [atingimos os 18 meses] no dia de um filme louco e fantástico, A Pele que Habito, Almodóvar, na melhor sala, Espaço Unibanco [atual Itaú] Augusta, e com nossos amigos! Não vou dizer que não foi dolorido, mas não tanto como imaginava. Continuaríamos a encontrar aquelas pessoas e suas pessoinhas, que já faziam parte da nossa vida e da nossa rotina.
Dias depois recebo um e-mail e vejo que o CineMaterna estava precisando de voluntárias para as sessões. Foi a deixa pra não largar o osso: me candidatei e fui aprovada! Delícia pura usar a camiseta pink que sempre me deixou segura e à vontade, e retribuir, passar estas sensações para as mães e seus bebês! As tarefas de uma voluntária são simples: receber as mães, preparar a sala, ajudá-las durante o filme, desmontar a sala e partir pro café, conversar e comer um doce!
Um dia, uma coisa estranha aconteceu. Recebi uma mensagem da Irene Nagashima dizendo que queria conversar comigo. Gelei. Fiquei pensando se tinha faltado alguma coisa nas salas. Mas não, era uma notícia extremamente boa! HAVIA UMA VAGA NA MATRIZ DO CINEMATERNA E ME CHAMARAM PARA UMA ENTREVISTA!!!
Fui até o local do encontro e lá estavam Irene e Taís Viana, com quem, até aquele momento, nunca havia conversado. Taís também é fundadora e cuidava da área que a partir daquele momento, eu faria parte. Ah sim, fui aceita!!! Pensa na felicidade?! Pensou? Agora multiplica por muitos mil!!! Sabe emprego dos sonhos? Era esse. Trabalhar numa causa que acredito e com pessoas em quem acredito, a partir de casa e continuar participando das conquistas da Alice de perto.
A euforia durou um tempo, até eu pensar na Lili. Fiquei por quase três anos sendo exclusiva dela. O que seria agora? Como ia conseguir conciliar meu tempo, o trabalho e ficar com ela? COMO?! Pois é, não sei exatamente como fiz ou faço, foi difícil e às vezes, ainda é. Administrar o tempo e minha culpa: no começo, se estava trabalhando, pensava que podia estar com ela. Se estava com ela, pensava no trabalho. Isso ainda acontece, raramente, mas aí tem outra coisa por trás, que só eu sei o que é. 🙂
Um ano depois, o trabalho continua sendo incrível, já se enraizou na minha pessoa. Tem horas de puro riso e outras de puro estresse. Continuo acreditando no que fazemos já que eu fui uma das mães “carentes” que precisou dessa acolhida. Acho que é por isso que me faz tão bem e faz com que responda e-mails nas férias, de madrugada, na hora que acordo, no almoço, quando estou com a Alice e quando não estou com ela. Um vício bom.
Me faz muito bem ver que ela adora colocar meu crachá, minha camiseta pink e ficar perambulando e desfilando. Adora me imitar, falando que vai a uma reunião e depois ao cinema, fica ao meu lado, brincando de responder e-mails. Ela sabe que isso me faz bem e espero que ajude a formar nela a ideia de trabalho prazeroso – e a de que ir ao cinema é muito bom!
Agora mais um capítulo minha história se mistura à do CineMaterna e na minha formação de mãe: o Lino chegou! Sim, a Alice ganhou um irmão e eu, um coiso fofo e gostoso!
Quando fiquei grávida dele me perguntei se conseguiria trabalhar e cuidar de dois. Será que vou querer trabalhar depois que ele nascer? Será que não vai me dar a mesma vontade de largar tudo, como na Lili? Depois de agonizar essas questões deixei o tempo e a situação me mostrarem o que será. Não dá pra sofrer por antecipação.
Quer saber? Continuo vendo e respondendo e-mails cotidianamente! Tenho vontade de saber o que está acontecendo no CineMaterna, com tempo de cuidar do Lino e da Lili. Já estamos frequentando as sessões e vendo a equipe. Essa família pink foi imprescindível na minha gestação e principalmente no final dela. Elas foram as primeiras pessoas para quem liguei e contar que deu tudo certo! Minha relação é maior que de trabalho, é uma relação de amor!
No tão aguardado dia, chovia bastante e fazia frio desde a madrugada! Será que devia sair de casa com um bebê, naquele tempo?! O que as pessoas iam pensar de mim, agora que sou mãe? Já falaram por tão menos, imagina por isso! Será que a sessão seria cancelada por causa da chuva? Será que as meninas do CineMaterna pensariam: “olha que mãe doida, sair de casa com um bebê, nessa chuva”? Bom, se estava com toda essa vontade, tinha que ir. Decidir entre carrinho e sling era o desafio do momento. Se estiver chovendo, coloco a super capa do carrinho, abro meu guarda chuva e bora lá. Se a sessão for cancelada, volto pra casa depois de tomar um café. Mesmo trabalhando meu medo, me dava um friozinho na barriga pensar que podíamos ser as únicas a irmos na sessão naquela chuva. E se for cancelada! Ai minha cabeça tem o poder de me deixar louca!
Fui. Usei a capa e o guarda-chuva. Algumas pessoas de salto me olharam atravessado, mas não liguei, estava indo ao cinema com minha filha, tem coisa melhor?! Cheguei e minha maior emoção: a sessão estava super cheia!!! Na hora em que comecei a ouvir bebês e vi a sala repleta de mães tive certeza de que aquele era meu lugar! Senti um alívio e uma emoção muito grandes em saber que existiam mães como eu, que saem com seu filho na chuva para ir ao cinema!!!
A partir dali, foram quase dois anos de sessões todas as semanas. Mas não era só cinema, eram encontros. Eram trocas. Era aprendizado. O mais doido é que eu e ela fizemos amigos, cúmplices das nossas transformações e emoções, boas e ruins. Isso foi o que mais valeu. Rapidamente chegamos num ponto em que não sabia qual seria o filme, não era o foco. O negócio era encontrar nossos amigos, bater papo e de quebra, ver um filme!
“Vencemos” [atingimos os 18 meses] no dia de um filme louco e fantástico, A Pele que Habito, Almodóvar, na melhor sala, Espaço Unibanco [atual Itaú] Augusta, e com nossos amigos! Não vou dizer que não foi dolorido, mas não tanto como imaginava. Continuaríamos a encontrar aquelas pessoas e suas pessoinhas, que já faziam parte da nossa vida e da nossa rotina.
Dias depois recebo um e-mail e vejo que o CineMaterna estava precisando de voluntárias para as sessões. Foi a deixa pra não largar o osso: me candidatei e fui aprovada! Delícia pura usar a camiseta pink que sempre me deixou segura e à vontade, e retribuir, passar estas sensações para as mães e seus bebês! As tarefas de uma voluntária são simples: receber as mães, preparar a sala, ajudá-las durante o filme, desmontar a sala e partir pro café, conversar e comer um doce!
Um dia, uma coisa estranha aconteceu. Recebi uma mensagem da Irene Nagashima dizendo que queria conversar comigo. Gelei. Fiquei pensando se tinha faltado alguma coisa nas salas. Mas não, era uma notícia extremamente boa! HAVIA UMA VAGA NA MATRIZ DO CINEMATERNA E ME CHAMARAM PARA UMA ENTREVISTA!!!
Fui até o local do encontro e lá estavam Irene e Taís Viana, com quem, até aquele momento, nunca havia conversado. Taís também é fundadora e cuidava da área que a partir daquele momento, eu faria parte. Ah sim, fui aceita!!! Pensa na felicidade?! Pensou? Agora multiplica por muitos mil!!! Sabe emprego dos sonhos? Era esse. Trabalhar numa causa que acredito e com pessoas em quem acredito, a partir de casa e continuar participando das conquistas da Alice de perto.
A euforia durou um tempo, até eu pensar na Lili. Fiquei por quase três anos sendo exclusiva dela. O que seria agora? Como ia conseguir conciliar meu tempo, o trabalho e ficar com ela? COMO?! Pois é, não sei exatamente como fiz ou faço, foi difícil e às vezes, ainda é. Administrar o tempo e minha culpa: no começo, se estava trabalhando, pensava que podia estar com ela. Se estava com ela, pensava no trabalho. Isso ainda acontece, raramente, mas aí tem outra coisa por trás, que só eu sei o que é. 🙂
Um ano depois, o trabalho continua sendo incrível, já se enraizou na minha pessoa. Tem horas de puro riso e outras de puro estresse. Continuo acreditando no que fazemos já que eu fui uma das mães “carentes” que precisou dessa acolhida. Acho que é por isso que me faz tão bem e faz com que responda e-mails nas férias, de madrugada, na hora que acordo, no almoço, quando estou com a Alice e quando não estou com ela. Um vício bom.
Me faz muito bem ver que ela adora colocar meu crachá, minha camiseta pink e ficar perambulando e desfilando. Adora me imitar, falando que vai a uma reunião e depois ao cinema, fica ao meu lado, brincando de responder e-mails. Ela sabe que isso me faz bem e espero que ajude a formar nela a ideia de trabalho prazeroso – e a de que ir ao cinema é muito bom!
Agora mais um capítulo minha história se mistura à do CineMaterna e na minha formação de mãe: o Lino chegou! Sim, a Alice ganhou um irmão e eu, um coiso fofo e gostoso!
Quando fiquei grávida dele me perguntei se conseguiria trabalhar e cuidar de dois. Será que vou querer trabalhar depois que ele nascer? Será que não vai me dar a mesma vontade de largar tudo, como na Lili? Depois de agonizar essas questões deixei o tempo e a situação me mostrarem o que será. Não dá pra sofrer por antecipação.
Quer saber? Continuo vendo e respondendo e-mails cotidianamente! Tenho vontade de saber o que está acontecendo no CineMaterna, com tempo de cuidar do Lino e da Lili. Já estamos frequentando as sessões e vendo a equipe. Essa família pink foi imprescindível na minha gestação e principalmente no final dela. Elas foram as primeiras pessoas para quem liguei e contar que deu tudo certo! Minha relação é maior que de trabalho, é uma relação de amor!
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Izabella Loiola, autora do texto, amamentando Lino, com Lili, “trabalhando” nos e-mails |
Que lindo!!! Olá me chamo Paloma Menezes queria também fazer parte desta equipe como faço?Beijo a todos!!
Oi Rebeca, escreva para coord@cinematerna.org.br e apresente-se! 🙂
Ainda não tive a oportunidade de trabalhar em algo que realmente fosse o espelho de minha alma. Há um tempinho atrás rejeitei um emprego por não ter alguém de confiança para deixar meu filho, Beni de oito meses. Mas penso também que foi por não ter um significado forte para mim, este emprego. Nós que temos filhos desejamos, no fundo da alma, ter um trabalho co-relativo com a nossa nova fase da vida: a maternidade. Parabéns Iza por ter conseguido isto. Eu arranjei um "emprego" em que posso ficar com meu filho… fiz um blog sobre a maternidade: minhas experiências nua e crua sobre como ser mãe. Não é remunerado financeiramente, mas tem valiosas recompensas que é receber respostas de mães que conseguiram se ajudar e identificar com meus posts. Beijos e Parabéns Cinematerna pela iniciativa, vou, a partir de terça-feira de todo início do mês, a frequentar as sessões.
Gente tempo recebi uma proposta de trabalho e dispensei por nao ter com quem deixarei Beni. Lendo este depoimento penso que talvez tenha dispensado por não me corresponder com o emprego. Filhos são uma benção, mas também é uma delicia trabalhar para exercitar a mente, ser ativa. Conciliar ps. Dois então?!? Nossa, um sonho! Eu criei um blog para ter uma atividade em casa que nao é remunerada financeiramente, mas emotivamente ás mães que me lêem. Gente, vem pro Cinematerna. É o nosso cantinho para rir e dividir emoções. É uma delicia.