Desacompanhada

Foto: Guga Ferri

Eric, meu filho caçula, está com 11 meses. Surpreendo-me com sua agilidade, já brinca de carrinho, engatinha atrás de bola, sobe e desce escada de qualquer tipo e tamanho. Não anda ainda, mas engatinha muito serelepe, com seu jeito peculiar.

Viajou comigo a trabalho várias vezes, desde antes de completar um mês. Deu chilique em alguns voos, mas de uma forma geral, formamos uma boa dupla. Trabalhar com um bebê pequenino a tiracolo é fácil; difícil fica quando cresce e quer engatinhar, explorar. Além disso, fica mais pesado carregá-lo. Não levo carrinho de bebê em viagem porque dificulta minha locomoção e perco mobilidade.

Semana passada fiz minha primeira viagem profissional sem a sua companhia. Dois dias fora, primeira vez que dormimos um sem o outro. Estranhei fazer apenas uma mala, pegar táxi sem bebê a tiracolo, pisar em aeroporto sem seus olhos arregalados me acompanhando. Foi esquisito e paradoxal: libertador e ao mesmo tempo, nostálgico.

Dormi uma noite sem intervalos, meus peitos encheram de leite e doeram bastante. Sobrevivemos: ele sem mim, eu sem ele. Demos um passo, escrevemos mais uma crônica da nossa história.

Assim foi minha despedida de uma fase que se foi para sempre, uma das muitas que passamos com nossos filhos.