Desidratar

Adoro temporada de bons filmes. Estamos em uma agora, tenho vários títulos na lista. Ontem aproveitei que a babá estava com o Max e corri pro cinema.

Gosto muito de ver filmes japoneses. Acho que me aproxima das minhas raízes, entro em contato com a primeira língua que falei e que hoje, pouco pratico. Muita gente sente estranheza ao ver costumes, gestos e cultura tão diferentes, mas para mim, isso é o que fascina em assistir filmes chamados “alternativos”: lembrar que o mundo e o ser humano tem muitas nuances e formas de encarar a vida.


A Partida. Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki) é um devotado violoncelista de uma orquestra que está sendo desmantelada. Agora, ele procura por um novo emprego e decide mudar para sua cidade natal com sua esposa. Lá, ele consegue trabalho como um preparador de cadáveres para funerais e passa a refletir sobre a vida e a morte.

Um filme cujo tema principal é a morte, mas que não é pesado. Não é triste, pelo contrário, tem situações hilárias, sem resvalar para o humor negro. Difícil imaginar que se possa falar de morte – e sobretudo, mostrá-la – de forma natural e leve. O tema é abordado com beleza e respeito e toca nos pontos que afligem a humanidade de forma universal, quando esta se depara com a finitude. Tem sim, a tristeza da partida, mas acima de tudo, o filme celebra a vida, dos que vão e dos que ficam. A ponto de eu voltar para casa morrendo (metaforicamente) de saudade do pequeno. Quem assistir ao filme, vai entender a sensação.

Não sou de chorar em filme – e saí desidratada. Se passar na CineMaterna, vamos ter que distribuir lenços de papel na entrada e copos d’água na saída.