Ele Tem Mesmo Os Seus Olhos
Por Juliana Freire, responsável pelo financeiro no CineMaterna.

Quando o casal afro-francês Paul e Sali descobre que o tão esperado bebê que estão prestes a adotar é branco, eles acabam trazendo caos e conflitos de família para casa.
A começar pelo título, já é possível sentir o humor e ironia com que o tema será tratado neste filme. É uma comédia leve e divertida, com pitadas de drama e reflexão sobre temas mais delicados, como adoção inter-racial, tradições familiares e racismo estrutural (aquele que às vezes a pessoa faz sem nem mesmo perceber).
Somos chamados a observar este casal afro-francês com seus planos e projetos, vida profissional caminhando e a reforma da casa em andamento para receber o novo e tão esperado filho do coração. Aguardavam a ligação telefônica da agência de adoção como uma gestação, com a sensação de que tudo seria diferente e completo. Só não esperavam que a mudança seria tão diferente. Quando finalmente são chamados e informados que vão receber um um lindo bebê de 4 meses, um pequeno detalhe: ele era um garotinho branco.
Logo após ao primeiro impacto o casal já demonstra que isto não é o mais relevante, que o foco principal é ter um filho para doar todo amor e carinho e que do outro lado havia um bebê que estava em busca de pais, isto é o que realmente importa.
No decorrer do filme passamos pelos desafios do nascimento desta nova família, com as impressões de vários ambientes por onde eles passam, como a família e suas tradições, amigos, vizinhança e até mesmo da agência de adoção, porque tudo isso é novo e ainda precisa ser enfrentado/naturalizado. Tudo com muita leveza e humor, mas que sempre nos deixa com uma ponta para a reflexão e quebra de padrões.
A lição que aprendemos com este belo filme é que o encontro de corações e o amor sempre prevalece e quebra barreiras.