Eles crescem e evoluem – e nos transformam junto
Talvez você ainda esteja com um bebê nos braços e se pegue, de vez em quando, pensando em como este pequeno ser será daqui a alguns anos. Agora, em quarentena, se tem uma coisa que a gente faz é especular como será o futuro no curto, médio e longo prazos. Não, no longo prazo não está sendo possível.
Cruzei um vídeo que mostra Lotte, a filha do cineasta holandês Frans Hofmeester, dos 0 aos 20 anos. Uma tomada semanal a cada segundo, em um vídeo de cinco minutos.
A obra é impressionante por si só. A disciplina (e o carinho) de um pai fazendo a mesma filmagem semanalmente, com uma filha, que imagino, não estivesse sempre “a fim” de gravar. Imagine convencer uma criança ou adolescente emburradas, haja negociação. Na maioria das imagens ela aparece falando, mas tem cenas dela chorando, fugindo, dançando, com ou sem óculos, fazendo careta, cabelos presos, soltos, desgrenhados. Mais velha, dos 16 anos em diante, as falas ficam escassas, mas ainda presentes.
Tenho um filho de 12 anos, que foi o motivo da criação do CineMaterna. Ele está do meu tamanho, pés e mãos maiores que os meus, irônico, desajeitado, forte, doce. Sempre me pego olhando para seu tamanho e seu jeito próprio de ser, que muitas vezes lembram a mim mesma, e, em outras vezes, se opõe a mim. E quando contemplo as fotos de quando ele era bebê e repasso muitos filmes que fiz dele, fico pensando como a vida é incrível.
(meu caçula, de nove anos, desperta outros sentimentos, o que me leva a crer que muitos destes pensamentos estejam relacionados ao tamanho do mais velho e que me levam ao lugar-comum-dos-espantos-maternos: “mas ele saiu de dentro de mim!”)
Talvez o que eu esteja falando seja o óbvio, mas uma das coisas boas da vida em quarentena é deixar brotar estas reflexões.