Em ritmo de filhos

Li esta manhã a coluna do Ricardo Araújo Pereira na Folha de São Paulo intitulado “Ter ou não ter”, referindo-se a filhos. O texto é fechado para assinantes, então vou escrever livremente os meus pensamentos, citando um ou outro trecho.

A reflexão do autor é sobre a decisão de ter filhos, que chega um ponto no casamento em que as pessoas escolhem um caminho a trilhar. Eu, por exemplo, passei parte da minha vida de casada achando que não teria filhos. Estava muito boa a vida a dois, consolidada por 10 anos, com boa renda, viagens, noites bem dormidas, idas a museus e restaurantes bacanas. Coincidência ou não, listei rapidamente os pontos que, para mim, foram fortemente abalados com a chegada dos filhos. Ah, só não se perde a ida ao cinema, até os 18 meses do bebê, pelo menos.

Mas o que é uma “vida boa”? O que é ter a existência “abalada”? Sem dúvida, ter filhos altera radicalmente a rotina. Mais ainda, ter filhos muda o que somos. Passamos a pensar no plural, refletimos mais sobre passado, presente e futuro, fazemos contas para ver se o dinheiro permite, tentamos pensar antes de falar e falhamos inúmeras vezes. Se você é mãe, some a estas mudanças o fato de se sentir culpada com muito, muito mais frequência.

Só que depois de ser mãe, sei que nada substitui ver os primeiros sorrisos, ouvir as gargalhadas, sentir os abraços, escutar as primeiras palavras e frases, acompanhadas das noites insones, das febres, dos dentes nascendo, da irritação com a bagunça infinita que se tornou sua vida.

Não sou melhor por ter filhos e não me vejo na posição de dizer para ninguém que “todo mundo pre-ci-sa passar por esta experiência”. Isso não me tornou melhor nem pior, só me fez diferente do que eu era antes.

Ricardo Pereira constata que não há boa razão para se ter filhos. Não é porque dão alegria ou para dar sentido à vida. “Não sei por que tive filhas. E assim é que está certo. Elas não devem ter uma razão de ser, uma utilidade. Olhar para elas, vê-las crescer, é a única coisa a que eu tenho direito.”

Nos primeiros dias de uma família com dois filhos

Há 10 anos tomei, com meu marido, a decisão de ter um filho. Não lembro bem como foi que decidimos, e talvez tenhamos acordado um dia com vontade de ter filhos, não duvido. Tivemos não apenas um, mas três anos depois, veio o segundo – outra nada fácil decisão de vida. Somos felizes, predominantemente, mas às vezes, queremos nos matar uns aos outros.