Infância Clandestina
Na minha opinião, o cinema argentino é um dos melhores da atualidade. Pelo menos o que chega para nós, brasileiros, são filmes de altíssima qualidade, roteiros originais, com atuações esplêndidas. Sem pirotecnia nem efeitos especiais, tramas muitas vezes simples, que ao ler a sinopse nos faz pensar : só isso? Fotografia e música sempre arrematando a belíssima combinação de direção, roteiro e atuação.
Infância Clandestina (Argentina-Brasil, 2011), representante argentino no Oscar 2013, é o primeiro longa-metragem dirigido por Benjamín Ávila.
Argentina, 1979. O menino Juan, de 12 anos, vive na clandestinidade da mesma maneira que seus pais e seu tio Beto. Na escola, ele é conhecido como Ernesto e encontra María, de quem sabe apenas o nome.
No filme, além do menino, sua mãe me comoveu profundamente: o espírito maternal transborda em meio às convicções como revolucionária.
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Natalia Oreiro, que interpreta a mãe de Juan |
O roteiro, escrito pelo brasileiro Marcelo Müller, é baseado na infância do diretor. Nas palavras de Ávila:
“Entre meus 4 e 7 anos, vivi muito perto do movimento revolucionário mais importante da Argentina no século XX, chamado Montoneros. Minha mãe tinha uma grande convicção de sua luta e o desejo de que seus filhos vivessem a revolução, mas nem ela nem nenhum dos seus companheiros, imaginaram que os militares fariam o que fizeram com seus filhos. Sempre desejei contar essa história. Colocar o eixo no aspecto mais humano das ideias e mostrar essa experiência de viver em um universo desconhecido, que contém tanto contradições, quanto encantos da vida de militância. Onde havia medo e alegrias, amores e paixões. Onde éramos crianças e também protagonistas.”
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O diretor Benjamín Ávila, na ponta esquerda, em entrevista coletiva após a exibição do filme para jornalistas |