Instinto materno?
Sou uma pessoa muito racional. Normalmente, dou pouquíssimo espaço para a intuição. Depois de ter um filho, parece que venho tentando exercitar isso. Deve vir no “pacote instinto materno”.
Aliás, no “pacote ser mãe”, vem algo que podemos chamar de lapsos de memória: a gente esquece tudo, a memória já não é mais a mesma de antes. Acho que focamos na cria, e o que não é essencial, escapa. Muitas mães esquecem objetos dos bebês no cinema e no café. Eu costumo levar os objetos esquecidos comigo, viro um “achados e perdidos” ambulante. Mas normalmente fica entre as mil tralhas que carrego nas sessões e esqueço de procurar o dono. E as coisas ficam indo e vindo.
Nesta terça, eu estava no café, conversando com uma mãe, quando olhei para ela e perguntei o nome de seu bebê. Ela disse: “Mateus”. Eu perguntei se ela tinha esquecido um paninho de boca bordado com este nome na semana anterior. Ela nem lembrava disso, mas quando fui buscar na minha sacola, ela descreveu o bordado e lembrou que realmente ele tinha sumido. Foi muita coincidência, pois nas últimas sessões vieram mais de 50 bebês em cada, muitos deles pela primeira vez. Como eu consegui lembrar do objeto esquecido, associá-lo àquela mãe e bebê, adivinhando que aquele era O Mateus é um mistério para mim…