Leite nosso de cada dia

Com a chegada da Semana Mundial da Amamentação (SMAM), celebrado na primeira semana de agosto, estamos trabalhando na produção de conteúdos para postar nas redes sociais do CineMaterna. Acho que isso explica a nostalgia repentina que me deu de amamentar – tudo bem que na quarentena, as saudades são ampliadas ao infinito.

Amamentei por quatro anos, dois anos por filho. Foram seis meses exclusivos de leite materno – ou até um pouco mais, porque meus filhos foram daqueles que não curtiram começar a comer. Aprendi que amamentar, além de alimentar e proteger meus filhos de doenças, era muito prático: alimento na temperatura certa, em qualquer lugar, em todas as horas (inclusive nas madrugadas 🙄).

Primeiros dias da minha primeira experiência de amamentação

Quando meu primogênito, Max, estava com quase seis meses, fiz uma grande viagem, antes da introdução de alimentos, para “aproveitar” a comodidade da amamentação. Olhando em retrospecto, acho que comemorava o marco de seis meses de maternidade plena, em que fomos praticamente um ser só em constante simbiose. No meio da viagem, um percalço: uma virose que causava vômitos pegou os três (filho, marido e eu) em sequência, começando pelo Max. Ver um bebê vomitando pela primeira vez é apavorante, porque ele desfalece por segundos após o vômito. Não estávamos no Brasil, conseguimos falar com o pediatra, que nos acalmou: como está sendo amamentado e não tem febre, não é preocupante, vai passar. Mesmo sabendo disso, na hora, é muito angustiante. De fato: a virose durou exatas três horas – e me deixou sem nenhuma roupa limpa, todas vomitadas.

Eric e seu seio esquerdo

Já com meu caçula, minha grande aventura “amamentícia” foi o fato de ele mamar apenas no seio esquerdo. Ele rejeitava o lado direito desde seus primeiros dias de vida (se eu não fosse mãe, perguntaria: “como pode, um bebê recém-nascido impor sua vontade?”), e quando percebi, estava só amamentando de um lado. Quando a produção de leite estabilizou, eu tinha o seio esquerdo bem maior que o direito – e a dúvida se ficaria com aquela diferença de tamanho pra sempre (não, fica tudo bem ao final 😬).

A amamentação traz lembranças emotivas. Os barulhinhos enquanto mamam. O olhar de paixão. As pequenas mãos nos tocando. O sorriso banguela sem largar o peito. O formigamento pré-saída do leite. Ser suficiente para acalmar o bebê (não foi exatamente assim no segundo filho, rs). Ver o bebê crescendo só com seu leite.

Do que não sinto falta: de precisar usar protetor de seio por meses porque eu “vazava”. De ser necessário estudar a roupa que ia usar, se seria possível amamentar com ela (no segundo filho, não me preocupava tanto e alarguei várias camisetas por puxá-las – só deixei de usar vestidos sem abertura – quase todos, portanto). Ah, escrevendo aqui, lembrei da mania irritante do caçula de mexer no bico do outro seio enquanto mamava (ou será que sinto falta dessa pequena aporrinhação? hahaha).

Para mim, amamentar era intrínseco à maternidade. Só quando fui mãe é que soube que algumas (muitas) mulheres têm dificuldade extrema no início da jornada. Minha profunda admiração às guerreiras que enfrentam – literalmente – de peito aberto as dores da amamentação.