Mãe-emoção

Hoje é Dia das Mães. É meramente uma data comercial: as lojas vendem presentes, os restaurantes ficam lotados, mas resolvi aproveitar a data para parar e pensar no que significa ser mãe…

Quinta-feira estava eu, indo para o aeroporto pegar a Ponte Aérea para o Rio, cuidar da sessão de lá, quando resolvi levar os fones de ouvido para usar meu iPod. Não me lembro há quanto tempo não faço isso, de ouvir música e somente isso. Ultimamente meus dias andam tão envolvidos em trabalho que não tenho feito coisas simples como esta. Enfim, no táxi da ida, comecei a ouvir Angélica, do Chico. A música foi composta em homenagem a Zuzu Angel, cujo filho foi preso e morto na Ditadura. Fui tomada pela emoção de mãe e comecei a chorar baixinho, ali mesmo, no táxi. Quando eu assisti o filme, Zuzu Angel, não me emocionei tanto quanto naquele momento – eu ainda não era mãe.

Já tinha ouvido algumas mulheres dizerem que só quando somos mães é que conseguimos entender os chamados sentimentos maternais, que são intransferíveis, indescritíveis e irreproduzíveis. Eu confirmo: só depois que fui mãe consegui entender o que é a alegria incontida de ver um filho dar seu primeiro sorriso, sua primeira gargalhada, seu primeiro passo, falar sua primeira palavra. Ou sentir um aperto no coração quando vejo meu filho sofrer, mesmo algo bem pequeno como uma batida de cabeça. Ou como fico boba e peço que repita aquele olhar maroto cheio de charme, que derrete meu coração de mãe.

Só me incomoda a imagem de mãe como um ser quase “sagrado”. Virei mãe, mas continuo humana, perco a paciência com as birras de uma criança ou com o marido que insiste em fazer tudo diferente do que eu faria (hehehe), quero dar conta de tudo, fico perdida quando percebo minha rotina de cabeça para baixo com um filho que tomou conta da minha vida…

Ser mãe significou ter uma vida permeada de emoções inesperadas, como chorar no táxi ouvindo uma música… Justo eu, tão racional e contida…