Mãe, ser intransitivo

Acho esta história de Dia das Mães um acontecimento meramente comercial. Até tem uma origem não-comercial, mas hoje em dia, quem se lembra disso? Todos os anos eu fico pensando que não tem que escrever sobre este dia, nem homenagear como se fosse algo especial, já que nós no CineMaterna pensamos nas mães todos os dias. Posso falar isso sem demagogia.

Ontem tivemos o CineMaterna, que com patrocínio da Fisher-Price, deu ingressos para mães no Brasil todo. No total, vieram às sessões 1700 adultos, sendo que mais da metade eram mães com seus bebês.

Na sessão em que eu estava, em São Paulo, vieram mais de 80 mães. Algumas me reconheceram e conversaram comigo, agradeceram pela iniciativa, o que sempre, sempre me emociona. Uma me disse: “e depois falam que mulher é o sexo frágil. Olha só esta iniciativa, criada por mulheres!”.

Já ouvi pessoas perguntarem porque o CineMaterna é “materna” e não “paterno” também, dando a entender que é uma espécie de discriminação. Pois não tenho nenhum problema em enfatizar que é CineMATERNA mesmo, que é pensado nas mães sim, que são as protagonistas e que têm um papel preponderante nos primeiros meses de vida do bebê. É a mãe que gesta, que pari, que amamenta. É a mãe que tem seus hormônios “enlouquecidos” na gestação e pós-parto. É a mãe que, quando grávida, era o centro das atenções, e quando o bebê nasce, fica de escanteio. É a mãe que fica “presa” em casa com um bebê que ela está aprendendo conhecer, com quem está criando um vínculo, com quem convive 24 horas nos primeiros meses. É a mãe que vivencia o que se chama de instinto maternal. É a mãe que TEM que levantar quando o bebê chora à noite e fica privada de sono. É a mãe que não consegue tomar banho, que ouve seu bebê chorar mesmo quando ele não está chorando, que chega à noite e ainda está de pijama, sem escovar os dentes e que, por alguns dias, não faz ideia do que está acontecendo no mundo. É a mãe que nos primeiros meses tem dificuldade para ir ao cinema, a uma festa, a um bar, conversar de outro assunto que não seu bebê. E é a mãe que se angustia quando, cansada e irritada, percebe que está se questionando se era isso mesmo que ela queria para sua vida, ter um filho.

É por tudo isso que sim, as mães merecem a nossa total dedicação e atenção.

Então, Feliz Dia às mães (biológicas ou adotivas) que vão às sessões e fazem do CineMaterna uma iniciativa de dar orgulho. E obrigada às mais de 100 mães voluntárias que trabalham conosco e fazem o CineMaterna existir, com o carinho e cuidado que as mães merecem!

Primeira sessão oficial CineMaterna – ago/2008
Foto: Guga Ferri