Mamaço
Ontem teve mamaço em São Paulo. Tudo começou porque uma mãe foi impedida de amamentar em um local público, o Itaú Cultural. Marina, a protagonista do incidente, frequenta as sessões desde o primeiro filho, há dois anos. Logo em seguida, Kalu, uma amiga nossa, teve sua foto amamentando o filho extraída do Facebook e intensificou a revolta das mães.
O Itaú Cultural reconheceu seu erro e acolheu a manifestação de um grande grupo de mães que amamentaram seus bebês no local.
Amamentei Max, meu filho mais velho, por dois anos. Ainda amamento Eric, que está com seis meses e aos poucos está sendo apresentado aos alimentos.
Ser mãe, para mim, implicava em amamentar. Nem pensei muito sobre o assunto, uma coisa levava à outra, naturalmente. Depois que tive filho, percebi que não é bem assim. Amamentar é trabalhoso, alguns bebês têm mais dificuldade em ter a pega correta, alguns bicos de seio são menos “anatômicos” que outros, há muita desinformação e palpites como “leite fraco”, algumas mulheres têm dificuldade de produção, podem ter uma mastite.
Depois de passar por todos estes potenciais obstáculos, a recompensa: amamentar, na minha opinião, é um ato mágico. É maravilhoso saber que meu corpo produz o alimento mais completo para o meu filho, alimentando-o e protegendo-o ao mesmo tempo. Perceber que volume de leite é ajustado de acordo com a demanda me faz sentir tão perfeita e poderosa! E ainda tem o vínculo criado, a troca de olhares e carinho.
Por tudo isso, seria lamentável se chegássemos na “cultura do pudor ao seio que amamenta” como existe nos Estados Unidos, onde não são raros os casos de expulsão de mães amamentando de estabelecimentos. Fui ao país com meu filho Max, amamentei-o sem ser importunada, mas vi apenas uma mulher fazendo o mesmo – e ela era francesa! Na minha opinião, quanto mais se vê mulheres amamentando, mais se incentiva a amamentação.
No CineMaterna, incentivamos as mulheres a serem mães em sua plenitude: nosso espaço permite que amamentem, alimentem, troquem as fraldas de seus bebês, deem colo, ninem, e sim, que relaxem. Por que relaxar é muito importante para produzir leite, para amamentar, para aumentar o vínculo, para ser mãe.
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Marina e Roberta no mamaço, ambas frequentadoras do CineMaterna Foto: Nelson Antoine/Fotoarena – extraído do site da Veja |
Em tempo, algumas das notícias sobre o mamaço:
Sempre que vejo uma mãe amamentando me sinto meio frustrada, Saí da maternidade super realizada, eu jorrava leite, me achava a mulher mais completa do mundo, até que cheguei em casa….foi uma agonia, parecia que tinham trocado o bebê, ela já não pegava com mais tanto gosto, as vezes parecia que não gostava, foi horrível. Fiz todos os procedimentos que me indicavam, os chás, os alimentos, tudo aquilo que agente ouve da sogra, da vizinha… mas nada adiantava, cada dia menos leite, foram 4 meses de amamentação e com o bendito complemento, depois, ela muito esperta, só quis a mamadeira. Hj descobri que se tivesse tido mais orientação médica tudo poderia ter sido diferente. Bom, na próxima gestação eu só saio da maternidade quando eu tiver expert no assunto…rs.
Grande atitude de todas, PARABÉNS!
Sou a favor da amamentação, mas não faço questão NENHUMA de amamentar em qualquer lugar….Prefiro a privacidade, pois não exponho minhas partes íntimas em público por nenhuma outra razão e desacredito que esta seja uma boa justificativa. Quando amamentava, sempre vesti blusas com botões (ou largas) para facilitar e sempre com um pano por perto para cobrir. Eu me sentia mais a vontade e tenho certeza que não gerava desconforto para quem estivesse a minha volta. Acredito que minha liberdade termina onde a do outro começa. Peito é peito, não importa se está amamentando ou se está na capa de uma revista.
As mulheres não precisam ver um monte de gente amamentando para querer fazê-lo. Se as mães estivessem mais presentes nas vidas de seus filhos, poderiam ensiná-los desde cedo pelo seu próprio exemplo.
Não tenho nada contra a amamentação em locais como o Cinematerna, Fraldários ou locais com concentração quase que exclusiva de mães/mulheres.
PONTUO: essa é a maneira como EU me sinto confortável e não creio que isso faça de mim uma mãe desnaturada.
Reflexão da Laura Gutman sobre a maternidade e o poder que tem as mulheres de nutrirem suas crias: "Durante séculos de supremacia masculina, a maternidade foi sinônimo de submissão, ignorância e repressão. Porque nos criamos neste mundo, só sabemos sentir, pensar, viver e falar em formato masculino. Por isso vivemos a maternidade como uma prisão. Por isso educamos nossas crianças na rigidez e no absurdo das regras, na repressão dos sentimentos. Aprendemos a ser mulheres-homens. Nos levará muito tempo para aprender a ser mulheres-mulheres – mulheres em corpo e alma, que deixam emanar do seu espírito a essência da entrega e da nutrição."