Mea culpa – ou mãe culpa

Escrevo porque me sinto culpada. Desde que meu primeiro filho nasceu, é incrível como este sentimento passou a ser mais frequente. Como um pacotinho que mama, chora, dorme e faz xixi e cocô pode mudar a gama de emoções que sentimos, do mais profundo amor à… culpa!?

Pequena mão do ser que entrou em minha vida
sem pedir licença e trouxe com ele
uma nova gama de emoções
Admito: a culpa ronda meu ser materno. Claro que este não é o sentimento preponderante na maternidade – ou não haveria mais mães no mundo. 
A culpa aparece porque desejei que meu filho fosse diferente e dormisse a noite toda, porque deixei que ele caísse da cama, porque ele ralou o nariz – bem debaixo do meu nariz.

A culpa se sobressai quando tenho vontade de estar em outro lugar que não com meus filhos em uma festa infantil. Vem à tona quando percebo que não consigo inventar as histórias que meu filho tanto gosta de ouvir. Surge porque dei uma bronca necessária; vem porque perdi a paciência e dei um grito desnecessário.

A culpa chega quando estou trabalhando e não estou brincando com meus filhos; surge porque estou brincando com meus filhos e deveria terminar aquele trabalho. Me sinto culpada porque fui ao cinema e não coloquei os filhos na cama.

A culpa brota quando disse que buscaria os filhos na escola, mas a reunião não terminou a tempo. Aparece quando o filho ficou doente porque (acho que) não o agasalhei direito. Sinto-me culpada quando percebo que passo muito tempo ao celular quando vamos à praça.

A culpa é cruel, onipresente e muitas vezes, inadequada. Aparece nas melhores mães, que frequentemente não conseguem filtrar o que realmente é merecedor do sentimento de culpa. Meu esforço diário é tentar usar a culpa a meu favor: evitar ficar remoendo e decifrar o que meus sentimentos estão me forçando a refletir. Se consigo? Ah, se fosse tão evoluída assim, não estaria aqui escrevendo este texto!