Mudanças do crescimento

Vejo muitos bebês todas as semanas. Às vezes, mais de 50 em uma única tarde. Fico tentando adivinhar quantos meses tem observando se suas mãos ainda estão fechadas, se o pescoço está firme, se senta, se segura objetos, se estende os braços para a mãe. Normalmente acerto! Quando vejo um recém-nascido com seu chorinho característico ou em sono profundo e totalmente encolhido e aninhado, sinto uma saudade enorme dos meus quando piticos. Ou talvez seja nostalgia daquela minha primeira maternidade.

Meus filhos ao acordar,
no momento preguiça da manhã

Daí, em casa, vejo meus filhos levantarem com a cara amassada, os cabelos desgrenhados, remela no olho. Foi-se o tempo em que gritavam “mamããããe” da cama. Eles, com oito e cinco anos, já foram bebês como os que vejo nas sessões. Já acordaram mais de uma vez por noite, todas as noites, por mais de um ano – e me considero sortuda porque eles passaram a dormir a noite inteira depois de um ano e meio. Por eles, tirei leite do peito com uma bomba elétrica para sair para trabalhar (quando ficava com os peitos explodindo e doloridos). Relembro a transição entre pequenos estômagos que suportavam apenas leite materno e aos poucos passaram a receber alimentos que mudaram o trato intestinal (quem esquece o aroma do primeiro cocô de comida?).

Com eles passei pelo nascimento dos dentes e seus incômodos, pelas papinhas, pelos choros esgoelados no carro com o bebê-conforto virado para trás, pela alegria de ver sentar, engatinhar e andar, pelos inúmeros pequenos tombos e batidas.

É assustador e belo perceber a evolução, o crescimento e o aprendizado, como estes pequenos seres pensam e falam. Notar que as mãos que sequer seguravam um brinquedo passaram a escrever depois de alguns anos. Constatar que a linguagem passou do dá-dá-dá para palavras, e logo transformou pensamentos e sentimentos em frases. Surge o raciocínio infantil que nos comove e muitas vezes, nos faz rir (e nos acusa de verdades que não enxergamos). Por causa deles, muitas vezes perdi a paciência.

Se você é mãe de bebê, está passando pelas alegrias, emoções, sustos e dificuldades que marcam nossa personalidade materna, mas que logo virarão uma memória distante e saudosa de um tempo em que carregávamos no colo o pequeno ser que saiu de nosso ventre. Encontro várias mães que iam ao CineMaterna com seus filhos crescidos, e penso que num piscar de olhos, estaremos com marmanjões maiores do que nós, rumo à uma vida independente.

Quem tem filhos passa a ter o tempo mensurado pelo crescimento físico e emocional deles. Os marcos da vida parece que giram em torno destes nossos “anexos”, mesmo que tenhamos momentos profissionais e pessoais importantes. A palavra conexão passa a ter um sentido visceral e intenso. Tô exagerando?