Mulher brasileira, um exemplo para o mundo
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Por Ronaldo Ribeiro*
Há 50 anos, uma revolução silenciosa começou a mudar a cara do Brasil. Sua marca mais radical é o notável declínio da taxa de natalidade – média de 6,3 filhos por família em 1960; 1,9 em 2010. Esse número foi alcançado sem qualquer intervenção do governo, como a política do filho único da China ou as tentativas de esterilização forçada da Índia. Quem seguiu esse caminho, por vontade própria e desejo de mudar as coisas, foram as mulheres. A rápida urbanização e o acesso fácil a métodos contraceptivos, entre outros fatores, aos poucos conduziram as brasileiras a um novo lugar na família e na sociedade. A educação, o sucesso profissional e o conforto material tornaram-se prioridades importantes. A mulher deixou de ser mera mantenedora do lar para galgar espaços decisivos no mercado de trabalho, no crescimento econômico, na política. Pela primeira vez, temos uma presidenta.
Ainda assim, até bem pouco tem atrás, nossas jovens mães pareciam condenadas a um estranho exílio no período pós-parto. Os meses de licença para a recuperação física e o desenvolvimento afetivo entre mãe e filho eram entendidos como uma sentença a ser cumprida dentro de casa. Mesmo em uma metrópole como São Paulo, progressista e tolerante, as mulheres, nos primeiros tempos da maternidade, viviam privadas de pequenos prazeres mundanos, submetidas a olhares tortos em qualquer tentativa de normalidade urbana (quem nunca foi fuzilado pelo casal da mesa vizinha quando seu bebezinho desandou a chorar no restaurante?). Entrar em uma sala de cinema para assistir um filme com um recém-nascido a tiracolo era uma hipótese surreal. Até que, em uma bela tarde de 2008, um grupo de mães – talvez cansadas da decoração do apê ou da programação da TV – decidiu aventurar-se em um cinema na região da avenida Paulista. Fizeram isso, mais uma vez, por vontade própria e desejo de mudar as coisas. Foi o estopim de um movimento que reivindicava o direito fundamental ao lazer e ao convívio, enfim conquistado. Mais que simples opção de entretenimento, o CineMaterna, de lá para cá, firmou-se como um fato social novo, um evento que expandiu o campo de experiências da mulher brasileira contemporânea na fase que, apesar de tantas mudanças, certamente ainda é a mais especial de sua vida. Os pais, eu entre eles, pegaram carona e se deram bem!
Em tempo: alguns dados que antecipei acima, em primeira mão, fazem parte da edição de setembro da revista National Geographic Brasil. A reportagem de capa traça um revelador perfil da mulher brasileira do século 21, sobretudo na nova classe média, e explica o surpreendente papel das telenovelas na construção de uma identidade feminina nacional. As fotos são incríveis. A autora do artigo, a americana Cynthia Gorney, professora na Universidade da Califórnia em Berkeley, passou meses no Brasil e entrevistou demógrafos, sociólogos e dezenas de famílias. Andou pelas periferias de pequenas cidades do Nordeste e tomou café com mães dos Jardins em São Paulo. Chega às bancas no dia 26 de agosto.
Com certeza irei conferir essa edição!!
A matéria ficou boa, e o projeto Cine Materna, nem se fala: para lá de bacana, são as mães conquistando novos espaços sociais. Agora a parte "A mulher deixou de ser mera mantenedora do lar para galgar espaços decisivos no mercado de trabalho, no crescimento econômico, na política" achei meio preconceituoso… Dá aquela idéia antiga de feminismo que diminui uma parte bonita do papel da mulher, que é sim, o de cuidar de sua casa e de sua família. Tem muitas mulheres que hoje deixam de trabalhar para ficar nessa função, por escolha, opção, e não são menores por isso.. Enfim, para gente refletir a respeito das idéias que vamos passando para frente.
Que bacana!
Parabéns ao Cinematerna! Mais que merecido esse reconhecimento.
Vou comprar um exemplar da revista e guardar como um arquivo histórico. Mostrarei a meus filhos quando eles forem maiorzinhos e direi: a mamãe também fez parte e ajudou a divulgar muitas vezes esse movimento.
Sucesso!