O que te centra?
Tá difícil, eu sei. Já comecei e parei de escrever várias vezes. Cada hora que tento, me detenho quando percebo que o texto está indo para um caminho escuro. De sinistra, basta a atual realidade, que está parecendo filme de ficção científica.
Às vezes olho para minha pequena bolha de isolamento e percebo que estamos, de uma maneira geral, bem. Nós quatro (marido e dois filhos, de 12 e 9 anos), confinados, em silêncio e cada um na sua, ou todos juntos, ou papeando com gente que está virtualmente conosco, ou nos afazeres domésticos, ou vendo filme, ou trabalhando, ou cozinhando ou ficando irritada e achando melhor desistir de tudo… até lembrar que tem gente dependendo da gente. Dentro e fora de casa.
Aí, precisa respirar e centrar.
O que te traz pro eixo quando dá aquela vontade de sair correndo deste mundo?
Gritar?
Cantar?
Cheirar a cabeça do seu bebê?
Ouvir música bem alto?
Cozinhar?
Abraçar para seu(s) filho(s)?
Dançar?
Fechar os olhos e contar até 100?
Eu bordo. Presto atenção à respiração. Não ligo para as imperfeições. Fico concentrada no vaivém da agulha, na cor, nas linhas do desenho.

Talvez você esteja com um bebê nos braços e pensando: “sua louca, não tenho como bordar”. Eu imagino. Para quem é mãe recém-nascida, o desafio é encontrar os seus “bordados”.
Lembro que eu adorava colocar meu filho no wrap (amarrado em mim) e dançar loucamente com ele. Nada de música de bebê, mas as canções que eu gostava. Era relaxamento mental, era vínculo, era diversão e era exercício físico. Eita, mais completo que bordado!
[Aliás, enquanto eu procurava um vídeo da gente dançando (e não achei), encontrei outro passatempo para tempos de coronavírus: ficar olhando fotos e vídeos antigos dos filhos. Passatempo repleto de amor, que dura horas!]