Pais & Filhos e o sentimento de mãe
Eu, cinéfila, passei 10 dias fora da cidade entre Natal e Ano Novo, sem ir ao cinema. Voltei no dia 30 de dezembro e, claro, fui ao cinema! Vi dois filmes seguidos, um deles, pela segunda vez; já tinha visto na Mostra dois meses antes.
O filme repetido era Pais & Filhos, do diretor japonês Koreeda: Ryota é um arquiteto bem-sucedido e workaholic, que pouco tempo dedica à família. Sua segurança é abalada quando descobre que seu único filho, Keita, de seis anos, não é seu filho biológico – foi trocado na maternidade por outro bebê, que foi criado pela família de um comerciante.
Se você é mãe ou pai, ao ler a sinopse, provavelmente sente um arrepio na espinha com a possibilidade de passar por uma situação dessas. Afinal, não existe nada mais profundo que amor ao filho. É possível abrir mão deste amor? Loucura pensar em rever quem é aquele que chamamos de filho, de quem conhecemos o cheiro, as reações, as preferências, as manias e as fragilidades.
O foco, no filme, é o pai competitivo, mergulhado em sua carreira, e a mudança que passa após descobrir que seu filho, não é seu. Mas como mãe, meu olhar ficou centrado nas mulheres do filme, cuja angústia é pouco expressada em uma cultura – a japonesa – que não é boa em exprimir os sentimentos.
Nas duas vezes em que vi o filme, ao final, queria chegar logo em casa para abraçar (muito, forte), beijar e cheirar meus filhos. Feito mãe louca, prestes a nunca mais vê-los.