Palavras (carinhosas) de um pediatra
O site do CineMaterna tem uma parte de perguntas e respostas de pediatras. São as mesmas perguntas, cada um respondendo com sua opinião. Fica aqui, em Palavra de Pediatra. Em breve acrescentaremos mais um, do Dr Moises Chencinski. Em primeira mão, suas respostas. O grifo é nosso. Sermos chamadas de “spa de alma” é especial!
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Dr Moises Chencinski, conversando com mãe e avó antes de uma sessão CineMaterna |
Com quanto tempo o bebê pode sair de casa?
Até há algum tempo atrás, as mães ficavam com seus bebês em casa por 45 dias, em um período que era conhecido como “resguardo”. Durante esses dias, a mamãe aprendia a conhecer seu bebê e o bebê se mostrava para sua mãe aumentando, dessa forma, sua intimidade e proximidade, sem sair e muitas vezes até sem receber visitas.
Uma das questões que se levava em conta era em relação à imunidade do recém-nascido e às vacinas. Vamos aguardar a vacinação para sair de casa? Cada vacina só protege contra aquela doença para a qual ela é aplicada. Assim, a vacina contra a tuberculose (BCG) não estimula a proteção contra a paralisia infantil (Sabin / Salk). Iria demorar muito até completar o calendário de vacinações e, mesmo assim, a proteção não seria total.
As visitas trazem para dentro da casa da família aquilo que se tenta evitar a todo custo quando se mantém um bebê em casa: uma contaminação ou contato com potenciais agentes infecciosos. Leite materno, vacinação em dia, suplementação vitamínica adequada podem proteger o bebê.
Assim, se um bebê nasceu a termo (9 meses), já passou pela primeira consulta com pediatra (7 a 15 dias de vida), está bem de saúde e já tem sua rotina relativamente estabelecida, o vínculo com a mãe (e pai também) estejam já se fortalecendo e, desde que o local para o qual o bebê esteja indo ofereça condições de saúde e segurança para ele e para a sua mãe, cabe a ela definir quando será o momento mais apropriado para sair de casa. E isso pode ser desde cedo (após um mês de vida seria interessante).
Não é perigoso para a saúde do bebê um ambiente fechado como o cinema?
Vale lembrar que estamos sempre falando de bebês que nasceram a termo (9 meses) e que não apresentam nenhum problema de saúde relevante.
Quando se fala em ambientes fechados para um bebê, a exposição a agentes potencialmente patogênicos (vírus, bactérias, poeira, ar condicionado, frio, som) precisa ser levada em consideração. E o cinema pode trazer todos esses problemas à saúde do bebê, quando falamos de uma sessão normal.
Além disso, um bebê não tem um horário social e politicamente correto para chorar, fazer xixi ou cocô, ter fome, não é mesmo? Ele pode chorar de fome, por exemplo, no meio da sessão, e a mãe pode ou não amamentar essa criança no cinema e incomodar as outras pessoas (ou não).
Porém, quando falamos sobre o CineMaterna… só mesmo estando lá para entender. Tudo é preparado adequadamente para o conforto e a segurança da mãe e seu bebê (e quem mais da família quiser vir). Luminosidade, temperatura, nível de som, trocadores, uma equipe preparada para garantir que a sessão de cinema seja um “spa de alma” no meio do dia-a-dia dessa família.
Assim, as condições de risco dessa sessão de cinema não são maiores ou menores do que as que essas crianças enfrentam em qualquer outro ambiente fechado.
O que muda no relacionamento mãe e bebê com um programa como o CineMaterna?
Puxa, essa é uma resposta complicada. Mudar? Não sei se a questão é uma mudança. Talvez seja mais uma evolução, e do bem. Rsrs. Isso depende de como é o relacionamento dessa mãe com seu bebê. Mas, com toda certeza, essa experiência amplia horizontes.
Hoje há sessões do CineMaterna em mais de 30 cidades do país, que têm ritmos próprios, climas, trânsitos peculiares e em cada uma delas, eu só vejo… vantagens.
Quando nasce um bebê, nasce uma mãe. E cada uma dessas mães passa por experiências de vida próprias, diferentes das que ela vivenciou até hoje. E, normalmente, ela vive em um ambiente positivamente “viciado” pelas mesmas experiências que as dela e as que ela já viveu (família, círculo de amigos).
O CineMaterna mostra a ela outras realidades, não melhores ou piores, mas diferentes e permite que ela veja que não está só. Aos poucos, ao invés de só aproveitar o filme, a situação, o cuidado com ela e o bebê, ela passa a ser uma mulher a mais nessa corrente do bem e, depois de ser acolhida passa a acolher outras mães que ela nunca teria conhecido em outra situação. Abre-se a chance de uma riquíssima troca de experiências em que todos só ganham.
Li uma frase em uma peça publicitária (um vídeo) que me chamou demais a atenção: “se o preconceito é uma doença, a informação é o remédio”. Antes de firmar uma ideia, cada mãe deveria se informar e conhecer e passar por essa experiência, pelo menos uma vez (normalmente acaba sendo muito mais).
Vale a pena para ela, para o(s) bebê(s) até 18 meses (já nem tão indefesos assim, mas ainda vinculados às suas mães e, muitas vezes limitantes de algumas vivências sociais), para a família e para todos os que participam desta iniciativa.