Parte da vida

Nós, da matriz do CineMaterna, trabalhamos em esquema de home office, ou seja, cada um de sua casa. Ouço muitos comentários quando conto isso, principalmente, sobre como deve ser legal estar em casa, com os filhos. Sim, é muito bacana estar perto dos filhos, mas não, não é fácil trabalhar com eles em volta. Na verdade, não é possível produzir com os filhos pedindo atenção. Por isso, sempre reforço: é muito importante ter os espaços separados, físicos e mentais, mesmo estando sob o mesmo teto.

Talvez exista quem consiga trabalhar com os filhos literalmente ao lado. Mas grande chance da produtividade ser baixa. Difícil uma criança ficar com a mãe ao lado, brincando sozinha, auto-suficiente. Elas querem a nossa atenção, a simples companhia não basta.

Trabalhar em casa, para mim, significa ouvir a voz, o choro e a risada deles perto, mas não ao lado. Significa ter um espaço físico delimitado e explicar muitas e muitas vezes que sua mãe está trabalhando.  Significa, acima de tudo, ter um apoio doméstico, quem fique com eles e lhes dê a atenção que não posso dedicar, nestes momentos. Sem contar a ida à escola, uma saudável convivência com outras crianças e adultos, novas e ricas perspectivas, e claro, conflitos.

Maria e um de seus maravilhosos bolos

Na minha casa, contava com apoio de duas super-mulheres. Uma dedicada à casa e outra, às crianças. Um luxo necessário para uma mãe e um pai que viajavam constantemente, com uma criança que ainda não ia à escola. Mas entramos em uma nova fase: o pai parou de viajar, o caçula entrou para a escola. E chegamos à triste conclusão que a Maria, na nossa vida desde a gravidez do Eric e que o viu nascer, não tinha mais justificativa racional para estar conosco. Emocionalmente, porém, a decisão era dura demais. Maria fazia parte da minha vida pessoal e, inclusive, profissional: muitos deliciosos almoços e lanches ela preparou para a equipe que trabalhava aqui em casa.

Ontem foi um dia triste, o último da Maria em casa. Fiquei tão abalada que até esqueci de uma reunião. E olha que a Maria está indo trabalhar com a Tatiana Storni, também do CineMaterna, que mora próximo e já liberou as visitas para a minha casa. Mas o coração não permite sermos indiferentes às pessoas que cuidam da gente com tanto carinho.