Parto arduamente conquistado
Nestes cinco anos de CineMaterna, acompanhei de perto quatro mulheres em busca de seus VBACs (vaginal birth after cesarian – parto vaginal depois de cesárea). Algo tão comum, que tem até uma sigla que descreve este tipo de parto, cujo primeiro obstáculo é a crença de que uma vez cesárea, sempre cesárea.
Respeito as escolhas das mulheres quanto aos seus partos. Tenho minha opinião, tive meus partos, foram as minhas escolhas. Mas me enfurece ver o que acontece com as mulheres que desejam um parto normal no Brasil. Não basta querer, não basta se preparar, não basta estudar. Não pretendo escrever sobre esta situação – para isso, recomendo o filme O Renascimento do Parto.
As mulheres que acompanhei tiveram os primeiros filhos de cesárea, cuja indicação questionam. Queriam um parto normal e na hora, escutaram o que toda mulher receia: “seu bebê está em risco”. Aceitaram a cirurgia. Saíram da maternidade com um lindo bebê nos braços, felizes, mas com a alma dilacerada. Os meses passaram e o buraco do parto aumentou. Surge a coragem de rever o que aconteceu e enfrentar as dúvidas que resultam deste processo. Decidem que com o próximo filho, será diferente.
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Camila Goytacaz, logo após o nascimento de Joana, VBAC Foto: arquivo pessoal |
Vi acontecer com todas: próximo das 37 semanas, aumenta exponencialmente a ansiedade. Terem sido enganadas deixou fragilizadas essas quatro determinadas mulheres. Elas tinham medo: não do parto iminente ou de sentir dor, mas do seu passado. Do fantasma do seu parto roubado.
Parir. Dar à luz. Um ato intrinsicamente feminino. Talvez algumas pessoas se perguntem por que fazer tanta questão de parir? Não tenho explicação racional, mas posso dizer que é uma jornada poderosa e transformadora.
Camila, Cinthia, Gláucia e Izabella, é emocionante ouvi-las contar com tanto orgulho sua maior conquista e ser testemunha do reencontro de seus corpos e almas.