Plug in

Estes são tempos digitais e literalmente, somos reféns de nossos dedos. É uma vida plugada, usando um anglicismo que já faz parte da língua portuguesa. Vivemos na era da dicotomia “quero proteger minha família versus preciso postar isso“. 
Sou uma pessoa hiper conectada. Sofro crise de abstinência quando fico sem internet e olhar a tela do meu celular é uma espécie de tique nervoso. Meus livros atualmente são e-books, então mesmo que eu não esteja navegando, lá estou eu com meu pequeno dispositivo.

Não gosto do que vejo em mim e faço um enorme esforço para não sacar o celular da bolsa em alguns momentos, mas é um enorme desafio, nem sempre superado.

Por trabalhar com cinema e ser assídua frequentadora, vejo que o uso do celular durante o filme é praticamente usual. Não é uma vez, para checar as horas. São várias consultas. São diversas pessoas. É pra conferir se fulano respondeu a mensagem, se sicrano mandou o e-email ou checar a timeline de alguma rede social (!). Há os mais ousados que atendem o celular – e quando reclamo, pareço a louca rabugenta. Noto uso mais moderado em teatro, como se o respeito existisse porque há um artista em cena. Será que o colega espectador não merece o sacrifício do desligamento?

Voltando à minha experiência particular de desconexão moderada – porque intensa, já sei que não vai acontecer. Queria usar menos o celular (ou o computador ou o tablet). Curtir as horas passarem, o ócio. Observar as pessoas. Brincar mais com meus filhos. Cozinhar. Arrumar o armário. A impressão que tenho é que tudo o que preciso fazer passa por uma conexão de banda larga. Entendo que a vida, hoje em dia, é mais ligada no espaço cibernético, mas certamente, não na intensidade que uso.

Tenho tentado não sacar o celular em restaurante quando estou acompanhada. Tenho tentado não mexer no celular quando estou brincando com meus filhos (a não ser para tirar uma foto – mesmo isso, menos!). Tenho tentado deixar o celular em casa em algumas ocasiões como ir à ginástica (caminhada de cinco minutos na ida e cinco na volta e certamente não preciso dele durante a aula).

Uma amiga ficava profundamente ofendida quando eu não olhava para ela enquanto conversávamos. Foi uma bronca meio traumática, na época, e acho que por isso evito usar celular enquanto falo com outra pessoa. Nem sempre sou bem sucedida, sei disso. Infelizmente, sei que pouca gente nota se eu cometer este deslize no contato visual.

E você, está satisfeito com seu índice de tempo plugado?