Resgate feminino
Outro dia fui convidada para uma roda de conversa sobre as mudanças provocadas pela maternidade em nossas vidas. A maternidade “me” revolucionou e por isso, seria capaz de falar por horas do tema, nos âmbitos pessoal e profissional. Fui sem roteiro e deixei rolar solto.
Em algum momento, contando do CineMaterna, refletindo sobre as mulheres que trabalham na matriz, começo a falar da Juliana Freire. Ela, que entrou no CineMaterna como voluntária em uma região de São Paulo, foi convidada há quase dois anos a vir pros bastidores, pois precisávamos de uma pessoa na logística: separar, empacotar e despachar materiais de reposição (fraldas, lenços umedecidos, pomadas, camisetas, crachás, banneres etc.) para todo o Brasil.
Senso de humor aguçado, inteligente, dinâmica e repleta de boas ideias, rapidamente incorporou novas atividades: atualmente é responsável também por compras e finanças do CineMaterna.
Profunda conhecedora do funcionamento da organização, foi comigo ao Rio de Janeiro. Era sua primeira viagem a trabalho e também primeira ocasião em que deixava sua filha com seu marido, a sós. Nessa viagem, rimos, compartilhamos, nos divertimos, e claro, trabalhamos. Conheci a Juliana batalhadora, ávida por aprender e na volta, percebia nos olhos dela a admiração pelo que fazemos nos bastidores. Saiu até falando que vai aprender a dirigir, depois de me ver cruzar o Rio no nosso carro alugado.
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Juliana checando seus emails enquanto esperava que eu alugasse o carro |
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Vista da nossa barraca de praia, onde almoçamos, entre uma vistoria e outra |
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Duas camas de solteiro ou uma de casal? Aparentemente, ambas são a mesma coisa. Assim foi nossa noite de estreia, juntas, rs. |
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Até trabalhamos! Derli, Kivia, Renata e Juliana, à direita |
No que eu contava a trajetória da Juliana na roda de conversa, me emocionei. Muito. A voz embargou, os olhos se encheram d’água. Respirei fundo, precisei dar uma pausa. Fiquei pensando no motivo da comoção. Talvez eu tenha constatado ali, pela primeira vez, que o CineMaterna resgata não apenas a vida social das mães, mas sua vida profissional também. Inspira. Motiva. Anima. E isso sensibiliza até os seres mais duros como eu.