Sejamos francas
O tal do puerpério é uma fase do qual poucas mulheres sentem saudade. São os primeiros dias, semanas ou meses após o parto. É um período em que ainda não voltamos à forma física – a barriga continua lá. Os hormônios estão enlouquecidos, nos deixando mais sensíveis. Você deixa de ser um indivíduo para ser uma dupla (ou trio, no caso de gêmeos). Só que seu bebê é um completo desconhecido e tem muitas demandas, que nem sempre você entende quais são. Uma mulher que tem nos braços o ser mais precioso do mundo – e que acarreta em privação de sono, mudança radical no ritmo de vida e abandono de si mesma.
Algumas mães postaram na página do CineMaterna comentários sobre este início nada glamouroso da maternidade. São depoimentos sinceros e profundos, que consideramos tão ricos que decidimos compartilhar. Não é fácil admitir que o amor arrebatador por um filho não é imediato e que há momentos de arrependimento da decisão de ter filhos.
Mãe 1:
Não é bonito de dizer, mas não tenho nenhuma saudade do primeiro mês em especial. Para mim, foi apenas um mergulho no inferno da solidão e do cansaço extremo. Eu me sentia uma presidiária fazendo risquinhos na parede em contagem regressiva pelo dia da liberdade. Olhava pela janela do apartamento às seis e meia da manhã, via pessoas indo trabalhar e pensava que aquelas pessoas não tinham noção do valor de poder colocar a cara na rua e ir trabalhar.
Mãe 2:
Você não foi a única, também me senti assim. Teve um dia que chorei de me acabar e falei para o meu marido que estava arrependida de ter tido filho. Ele riu e falou que eu estava me sentindo assim por causa dos hormônios. Passados dois minutos tornei a cair na choradeira, arrependida de ter falado uma coisa tão horrível, pois amava demais o meu bebê. Vai entender esse primeiro mês, ele realmente é horrível – e mesmo assim queria passar por ele pelo menos mais uma vez.
Mãe 3:
Eu tinha ainda mais raiva quando alguém falava “hormônios”. Me sentia meio culpada, sim, mas no começo cuidei do meu filho no automático e pensava “cadê o amor? Porque só sinto cansaço e arrependimento”. A única coisa que tenho a dizer depois daquele inferno (não tenho nenhum carinho por aquele período), é: eu gostaria de ter sido avisada com honestidade. Não é um período feliz, e acharia muito bacana que isso fosse tratado com honestidade pelo mundo.
Mãe 4:
E mais a solidão. Nunca pensei que a experiência da maternidade no contexto urbano pudesse ser tão violentamente solitária, uma solidão funda, cortante e irremediável. Foi uma surpresa.
Mãe 5:
Concordo com tudo, ainda me sinto assim de vez em quando – e olha que minha “bebê” faz 4 anos! Amo minha filha mais que tudo, mas acho normal esses diversos pensamentos de raiva, arrependimento etc. E é verdade, compensa porque o saldo final é positivo!
Mãe 6:
Sofri desde a primeira noite na maternidade. É leite empedrado, bebê com dificuldade de mamar, dores por causa do parto. Na volta pra casa a insegurança toma conta, vontade de chorar e chorar, você fica perdida e não sabe como fazer uma rotina diferente. Fiquei piradinha e pensei que ia ser pra sempre! Com 10 meses ainda não me recuperei do trauma desses primeiros três meses.
A boa notícia: no segundo filho, costuma ser muito, muito mais fácil. O que muda somos nós: mais experientes, com menos medos e outro filho para cuidar! 🙂
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Eu e meu primeiro filho Max com 15 dias, com meu kit puérpera: conchas de amamentação, paninho de boca, água, sling e almofada (e a camisa pink, quando nem imaginava que haveria CineMaterna) |
e verdade o primeiro está sendo o mais difícil pelo menos pra mim…
A solidão que só uma mãe sabe como dói… Vc vira bicho, fêmea protegendo a cria. Sem pudores de parecer louca. É como me sinto.