Smurfada de mãe

Conversa entre meu filho Max, de quase 4 anos, e eu.

Sexta-feira- Filho, você quer ver Os Smurfs de novo?
– Não, mãe. Eu não gostei do filme porque tem o homem mau (Gargamel).
– Tem certeza? Posso te levar amanhã.
– Tenho.

Sábado de manhã
– Filho, você tem certeza que não quer ver Os Smurfs de novo?
– Não quero, tem homem mau.
Vou à sessão CinePaterna by Fisher-Price em São Paulo, quando passa Os Smurfs.

Domingo
– Filho, você quer ver Os Smurfs de novo?

– Não, mãe. Eu não gostei do filme porque tem o homem mau.
– Tem certeza? Posso te levar amanhã.
– Tenho.
Segunda de manhã
– Filho, você tem certeza que não quer ver Os Smurfs de novo?
– Não quero, tem homem mau.
Vou à sessão CineMaterna no Bourbon Pompeia em São Paulo, quando passa Os Smurfs.
Terça de manhã
– Mãe, quero ver Os Smurfs!
– Mas filho, eu te perguntei várias vezes se você queria ver e você não quis! Agora não tem mais Os Smurfs no CineMaterna!
– Ah, mãe, mas eu queeeeeroooo!!!
Pronto, bastou para:
1) Eu ficar irritada.
2) Em seguida, ficar triste com a perda das oportunidades.
3) Sentir remorso por não tê-lo levado, já que talvez, ainda seja cedo para ele entender exatamente o que quer.
E bastou para eu ficar um tempão pensando que esta pequena e singular situação é só uma amostra de como vai ficar meu coração com cada uma das escolhas do meu filho, no futuro. Saberei respeitar o que ele escolher para si, mesmo que eu perceba que não é a melhor escolha? Como vou ficar diante da perda de alguma oportunidade? Conseguirei argumentar sem forçar a escolha? Terei a sabedoria para perceber que nem sempre a minha escolha é a melhor? Será que vou perceber quando intervir e quando deixar acontecer (e deixar acontecer)? Conseguirei apoiar e entender escolhas muito distintas das minhas? E acolhê-lo quando ficar frustrado?
Smurfei demais?