Sobre a primeira vez

É frequente que a primeira ida ao cinema seja acompanhada por alguém. Nas últimas semanas acompanhei de perto duas estreias muito significativas para mim.

Fernanda

Amiga de infância, estudamos juntas no colégio dos 8 aos 15 anos. Éramos melhores amigas, de dormir uma na casa da outra. Mudei de colégio e nos afastamos. Devemos ter nos visto uma vez ou outra depois disso.

Pois estava eu no início deste ano no Detran para fazer a prova de renovação da carta quando vejo alguém na fila acenando para mim. Eu, míope, fui me aproximando para ver quem era. Reconheci na hora: Fernanda! E grávida do Théo. Coincidência das coincidências, afinal, em quantos outros horários ela poderia ter agendado aquela prova, em uma cidade como São Paulo?

Fernanda foi a uma sessão com seu pequeno Théo com dois meses. Primeira saída de casa no “mundo selvagem”, veio ao cinema com a irmã, Karina, que recém tinha descoberto que estava grávida, depois de várias tentativas!

O que me deixou mais feliz foi vê-la novamente na semana seguinte, em outro cinema, segura de si. Ela e Théo. 

Fernanda com Théo, Karina, sua irmã, e eu
Foto: Karin Michels

Juliana

Fizemos um curso de dois anos juntas, antes de eu ter filhos, antes de ela ter casado. Soube que estava grávida e quando Tomaz nasceu, convidei-os a ir ao cinema.
E aí, mais coincidências na minha vida: Tomaz tem o mesmo pediatra que meus filhos e Juliana mora do lado da minha casa. Para levá-los ao CineMaterna, fui buscar Juliana e seu Tomaz de 45 dias em casa. Serviço VIP!

A parte engraçada ficou por conta do fato de a Ju ter dormido no filme. Fiquei feliz, juro, pois a primeira coisa que ela me falou quando entrou no carro é que o Tomaz não dorme à noite. Nada como descansar numa boa poltrona de cinema, com um bebê quentinho no colo!

Juliana com Tomaz, eu com Eric
Foto de Cacau Querino

A pergunta que ambas mais me faziam era “como você faz?” – para sair de casa, para dormir, para trabalhar, enfim, para voltar a ter uma vida pessoal. Ah, a gente faz, sim! É intenso, confuso, emocionante, atrapalhado, lindo e por vezes, angustiante. Não que depois não continue assim (rs), mas quem é mãe sabe: os primeiros meses são realmente especiais. Ao mesmo tempo que inesquecível, olvidamos os detalhes, especialmente a parte de não dormir à noite! Se não, ninguém teria outro filho…