Titanic, 10 anos depois
Adoro a coluna do Contardo Calligaris, que escreve às quintas na Ilustrada, caderno da Folha de São Paulo. E adoro quando ele, cinéfilo, comenta sobre filmes. Hoje ele escreveu sobre Foi Apenas Um Sonho. Eu li a coluna e fiquei louca para ver o filme. Passou hoje na sessão CineMaterna da Cinemark, mas tínhamos uma reunião de trabalho e não consegui assistir – vi apenas alguns pedaços, que só me deixaram mais curiosa. Ainda bem que vai passar novamente na próxima terça na CineMaterna no Espaço Unibanco e lá eu dou um jeito de assistir. Ou seja, não tenho como comentar sobre o filme, mas vou colocar aqui alguns trechos da coluna do Contardo de hoje, sobre o filme. Aliás, o título deste post é inspirado numa frase dele…
“Frank e April, o casal do filme, vivem sorrindo ou fazendo de conta, embora convencidos de que a vida deveria trazer outras aventuras. (…) De onde vem a infelicidade de Frank e April? Tudo bem, April esperava ser atriz e não é (talvez por falta de talento). Quanto a Frank, ele não tem nenhuma aspiração concreta. Por que razão, então, viver numa casa agradável, trabalhando e criando os filhos, levaria a um “vazio sem esperança”? Sem esperança de quê?
(…) E se o problema não fosse o sossego da Revolutionary Road, mas o próprio desejo insano de viver outra vida? A insatisfação abstrata que assombra April e Frank é o cemitério do amor. A escolha de DiCaprio e Winslet (excelentes) parece querer nos contar o que teria acontecido se DiCaprio tivesse sobrevivido ao naufrágio do Titanic: a vida do casal se tornaria uma misteriosa prisão, em que o cotidiano imporia renúncias covardes a sonhos e desejos “livres”.
(…) É April que exige de Frank uma coragem sem a qual talvez ela deixe de amá-lo e de reconhecê-lo como (seu) homem. A “trivialidade” das conquistas profissionais não basta; Frank deve inventar outros desejos (que, na verdade, ele mal tem). April se torna assim uma representante feroz daquelas expectativas monstruosas com as quais qualquer homem lida como pode – as expectativas maternas: “Seja extraordinário, meu filho”.
Tudo bem, serei extraordinário, mas como? Pois é, caro Frank, ser homem não é mole.“
(Trecho extraído da coluna de Contardo Calligaris, “A rua da revolução”, Folha de São Paulo, 05/02/09.)
Expectativas maternas? Aiaiai, pobre filho meu. Vou pensar sobre isso…