Toda a fofura disponível
A gente tenta manter a calma, mas às vezes surta. Dá uns gritos, tem um rompante de loucura, respira e tenta voltar pro eixo. E tudo bem.
Estava falando com a minha família por vídeo. Todos estão bem, mas minha irmã, professora, está esgotada com a nova realidade escolar; meu irmão encontra-se angustiado porque deveria aproveitar o tempo, estudar e escrever sua tese. Já meus pais, idosos, estão dando suas escapulidas por aí – com máscara, pelo menos. Virei o olhar para meu isolamento: dois meninos e um marido, saudáveis e fazendo o que podemos e conseguimos e nos deixa felizes. Juntos. Tenho a possibilidade de abraçá-los. Tenho companhia (ah sim, há momentos em que desejo estar sozinha). Descobrimos como funcionar de outra forma. (E sim, paira uma constante preocupação com o futuro, em particular, do CineMaterna – mas falemos disso em outro momento).
Pela natureza do meu trabalho, sempre me coloco no lugar da mãe com bebê, seu olhar e sentimentos. Uma das minha atividades na quarentena é buscar conteúdo para nossa comunicação neste período. Hoje me dei conta do motivo de eu estar viciada em compilados de vídeos de bebês. Quando assisto estes vídeos, além de encher o coração de fofura, fico pensando no privilégio que é estar com um bebê e poder vivenciar estes momentos. Ver os pés que se mexem de forma irreproduzível por um adulto, os olhares surpresos, assustados, felizes, os membros descoordenados, a cabeça que pesa desproporcionalmente, o caminhar relutante, o bico antes do choro, os gestos de carinho, as gargalhadas, a descoberta dos sentidos.
Quando estamos no puerpério, com um bebê 24 horas por dia, sete dias por semana e ainda por cima, presos em casa, é frequente a sensação de cansaço e por vezes, esquecemos da poesia desta fase. Passa muito, muito rápido, acredite em mim.
Adorei..muito verdadeiro! Não é fácil estar no puerpério em meio a tanto caos, tanta dúvida e insegurança..e longe de tantas pessoas que queríamos por perto nessa fase.
<3