Todas as tribos
Definitivamente, não sou um ser lá muito sociável. Se você encontrar comigo, não me classificará como tímida, mas é só uma casca. Converso com estranhos, sem problemas, mas aprecio em demasia meus momentos solitários ou com a família.
Só que no puerpério do meu primogênito, fui outra pessoa. Talvez os hormônios tenham me transformado em uma pessoa social, não sei. Lembro que na gestação fui com meu marido em um grupo de apoio à maternidade ativa, em busca de informações sobre parto. Haveria uma roda de conversa dali a uma hora, mas meu propósito era apenas uma consulta com a doula. Ela nos convidou a ficar no bate-papo e enquanto eu pensava em uma forma de agradecer polidamente, meu marido disse “claro, ficaremos!”. E foi naquele grupo de gestantes, em encontros semanais, que fui visualizando o que me esperava no parto, pós-parto e amamentação.
Ainda assim, aquela “preparação para virar mãe” não me deixou totalmente “pronta”. Ali, entendi: nenhum curso, nenhum conselho, nenhum grupo de apoio ensina a ser mãe e a enfrentar o peito que dói, os hormônios desequilibrados, nosso estranho corpo pós-parto, os sentimentos ambíguos entre o mais profundo amor e a exaustão das noites mal dormidas. E a solidão.
O que percebi é que no puerpério, o que mais me ajudou foram os encontros pós-parto. Fosse em grupos formais, encontros temáticos para recém-mães, fosse com ex-barrigudas dos grupos de parto. Ali nasceram amizades e um lazer “inventado” que virou um trabalho, um tal de CineMaterna.
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Eu no meio, com meu primeiro filho com cinco meses, entre Relze, à esquerda, e Ana Letícia, à direita, em um dos muitos cafés pós-cinema, em 2008 |
Encontre sua tribo. De preferência, cara a cara, olho no olho, mão na mão. Porque na hora do aperto, um ombro amigo e um colo fazem toda a diferença nessa jornada materna.