Um pai no começo de tudo
Lembro-me bem da primeira vez em que ouvi falar do CineMaterna. Nossa filha, hoje com três anos e meio, mal completara um mês. Naquele momento, o CineMaterna não passava de um grupo de mães malucas que se reuniam semanalmente para ir ao cinema. Minha esposa havia conhecido o movimento em uma lista de emails de mulheres que discutem assuntos relacionados à maternidade e resolveu participar. E lá foi para sua primeira vez ao cinema acompanhada de Nina, apenas um mês e pouco. Voltou cheia de histórias para contar, novas amigas e a certeza de que havia encontrado uma turma de mulheres corajosas e interessadas em construir uma maternidade livre das limitações sociais impostas comumente às mulheres no período de licença-maternidade.
A sensação que tive é que aquele negócio não daria certo: um bebê abriria o berreiro, contagiaria outros e um coro ensurdecedor acabaria com qualquer possibilidade de um bom filme. Fui então acompanhá-la em uma sessão. E não é que funcionava? Sim, ouvimos uns gemidinhos, até choros eventualmente, mas tudo muito saudável, dentro de um ambiente familiar para pessoas que convivem com bebês e crianças pequenas. Foi uma delícia estar com a minha família, novinha em folha, fazendo um programa que eu pensava só ser possível depois de muitos meses, talvez anos, somente depois que os filhos crescessem. E, ao mesmo tempo, conviver com pessoas que viviam momentos tão semelhantes, cheias de experiências para trocar. Após a sessão, todos reunidos no café: adultos conversando e os bebês entre colos, slings, carrinhos e por todos os cantos do chão, engatinhando ou ensaiando os primeiros passos.
O tempo passou e nossa filhota cresceu para além da idade limite no CineMaterna. Hoje, a levamos para assistir às sessões infantis; não mais mamar no peito e sim comer pipoca. Não mais trocar a fralda no meio do filme, mas sair de fininho para fazer xixi no banheiro. Hoje Nina vai ao cinema com Anna Karuna, Max, Felipe, Júlia, Alice, Maura, Rodrigo e outros amiguinhos que conheceu no CineMaterna. E as mamães malucas continuam se reunindo, agora não mais no cinema, mas pela vida afora.
*Guga Ferri, fotógrafo oficial do CineMaterna e diretor de fotografia da Mirada Imagem
Que lindo e emocionante ler e poder sentir um pouco de como os papais vivenciam esse momento.
Que depoimento legal! O papai aderiu mesmo ao Cinematerna.