Uma vida de caos materno

Virada de ano, hora de arrumar armários. Estava rearranjando alguns livros e me deparei com o álbum do partos dos meus filhos. Algo muito íntimo, que não fica na mesa de centro da sala nem em uma estante acessível. São imagens, relatos e reflexões de momentos que marcaram uma mudança radical em minha vida.

Os dois álbuns dos partos de meus filhos, inspiração para este texto

Os nascimentos deles trouxeram uma revolução sem volta. O clichê mais verdadeiro: nós, mulheres que viramos mães da noite pro dia (ou do dia pra noite), nunca mais seremos as mesmas. A maternidade nos desloca por dentro e por fora. Vamos para longe de onde estávamos, para melhor e para pior. Pessoas obsessivas com limpeza e organização, deixam de ser tão… exageradas – ou passam a sofrer mais. Alguns medos diminuem porque precisamos mostrar coragem e dar segurança aos pequenos – mas passamos a ter outros temores.

A maternidade me trouxe o CineMaterna e toda uma nova vida profissional. Mas não falo apenas de profissão. Usei aptidões que estavam dormentes, enfrentei a ansiedade em empreender, usei minha experiência e criatividade para desenvolver um negócio que não existia, junto com pessoas que conheci ao longo do caminho. O CineMaterna me proporcionou (e continua proporcionando) imensas alegrias, mas também muitas, muitas preocupações.

Acima de tudo, a maternidade me brindou com uma diferente perspectiva da vida. Novas amizades surgiram em função do puerpério, da escola das crianças e do CineMaterna. A rotina se altera a cada ano escolar, que traz a necessidade de repensar as prioridades e atividades. Mudei de casa, revirei conceitos de vida. E não, não é como num vídeo game onde cada fase é mais difícil. As fases são diferentes: algumas interações ficam mais fáceis, mas surgem outras que nem imaginávamos existir, nem quão desafiadoras seriam. E grande parte das idealizações, por exemplo, a de que meus filhos adorariam salada (😂), simplesmente se evaporaram.

Os momentos de caos familiar são frequentes e certamente, meu pensamento não é tão linear e reflexivo como escrevi nos parágrafos anteriores. Nestas horas em que estou perdendo a paciência com o filho que se recusa, aos berros, a tomar banho (para depois, não querer sair do chuveiro), ou quando o outro diz que não vai usar calça de jeito nenhum, mesmo estando 15º lá fora (afinal, em casa está “super quente”), o maior desafio é controlar os impulsos de não largar tudo ou falar alguma besteira que eu possa me arrepender depois.

Aí que a gente fica exausta e quer férias. Fica radiante quando consegue armar um esquema com a tia deles. E assim que eles saem de casa, dá uma saudade…