Vamos falar sobre o filme “Estrelas Além do Tempo”

Por Mirian Rodrigues, responsável pela captação de recursos no CineMaterna.

1961. O ápice da Guerra Fria. Estados Unidos e União Soviética disputam a soberania na “corrida espacial”. Ao mesmo tempo a sociedade norte-americana vivencia com uma profunda divisão racial, entre brancos e negros. O comportamento de divisão racial é refletido também na NASA, onde um grupo de funcionárias negras – chamadas de computadores – é segregada. Neste grupo encontram-se Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe), grandes amigas que, precisam provar sua competência diariamente, lidar com o preconceito de raça, de gênero e lutar para que consigam crescer profissionalmente na NASA.

Este filme me tocou intensamente, por diversos motivos, mas especialmente por retratar de forma profunda, o drama e a realidade de ser mulher negra em 1961. Foram mulheres excepcionais, mentes brilhantes que contribuíram ativamente para os avanços aeroespaciais e que tiveram pouco a pouco a sua trajetória, conquistas e importância apagadas da história – história que desde sempre projeta os seus “heróis”, que são quase sempre homens, cis e brancos.

Cena do filme “Estrelas Além do Tempo”

Ao assistir este filme, meu coração ficou repleto de orgulho e dor. Se hoje não é mais impensável que mulheres ocupem seus espaços, é porque nossas ancestrais trilharam este caminho antes de nós. Infelizmente, para a mulher negra, este caminho é muito mais sinuoso, cheio de percalços e obstáculos.

Olhando em perspectiva, 59 anos depois evoluímos tão pouco…

As questões de raça e gênero ainda violentam, matam, silenciam e oprimem milhares de pessoas, diariamente, em todo o mundo. Em 59 anos o homem foi à Lua, construiu e enviou sondas espaciais. Medicina, ciência e tecnologia evoluíram exponencialmente, dentre outras conquistas e progressos – mas não fomos capazes de extinguir o preconceito racial e a desigualdade de gênero. Seguimos “normalizando” a realidade estampada nos jornais, relativizando e minimizando a dor do “outro”.

Que as vozes que hoje gritam por justiça e igualdade, finalmente possam ser escutadas, porque tantas antes delas já gritaram, sofreram e lutaram pelos menos motivos. Até quando?

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.”
Nelson Mandela, Livro “Long Walk to Freedom”, 1995.

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